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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1294

1651. Carta de Joana de Jesus para o doutor Alexandre da Silva, deputado da Santa Inquisição.

ResumoA autora explica ao destinatário as razões do conflito que mantinha com outras religiosas do seu convento.
Autor(es) Joana de Jesus
Destinatário(s) Alexandre da Silva            
De Portugal, Viseu
Para Portugal, Coimbra
Contexto

Duas cartas foram retiradas do processo de Joana de Jesus (Inquisição de Coimbra, Proc. 6780), religiosa no Convento de Jesus, em Viseu. Numa delas, composta por mão anónima, são feitas acusações a Joana de Jesus (PSCR1295), enquanto na outra estão as justificações da ré sobre este caso e as razões de uma querela que a opunha a outras religiosas da mesma instituição. No topo de uma das cartas (PSCR1294), está o apontamento do destinatário acusando a receção.

O processo de Joana de Jesus tem apenso um outro relacionado, cuja ré é Dona Filipa da Apresentação, também religiosa no mesmo Convento (Inquisição de Coimbra, Proc. 6780A). Ambos os processos se devem a acusações por fingimento de visões e revelações.

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita em todas as faces; com sobrescrito numa folha à parte.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Coimbra
Cota arquivística Processo 6780
Fólios [97]r-[99]v
Socio-Historical Keywords Tiago Machado de Castro
Transcrição Tiago Machado de de Castro
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Tiago Machado de Castro
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2014

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Ao senhõr doutor alixandre da sillva deputado da santa emquisisam guar dés

pois tenho dado a vm larga conta de toda minha vida e comsiensia quero dala agora tambem de muitas desensois e agravos que tenho resebidos de muitas religiozas desta casa as quais sam as seguintes antonia de jhús maria do deserto ana da madre de dés maria dos santos caterina de sena emgrasia de santa ana mariana da asensam maria d anusiada isto por cauza dos bamdos de abadesas nas emleisois e das elevasois dos santos q isto he a cauza por que nesta casa ha grades brigas e mas vantades ou pera milhor dizer odios e preduram muitos annos e sabe dés e me he boa testemunha que digo isto forsada mas emtendo me he nesesario por muitos testemunhos claros que me tem levantado sabera vm que no tenpo que eu era despenseira tive grandes deszensois com a dita antonia de jhús e e no tenpo dela prelada conhesi claramente durava nela odio que me tinha por a couza seguinte veo de lisboa a menina de meu tio diogo de oliveira e como eu sou bautista e e minha tia dona felipa evangelista de cuja devosam sam todas estas snas tirando maria do deserto viram elas a minina esperta e que viria de ter muitas partes fizeram sesoe notaves por que ela fose de sua devosam mas como a sua dela era do bautista por mais que elas fizeram com ela não a poderam levar a que lhe lhe fizese a vontade e como desemgana dela ficaram todas pera min que me comeriam os figados por lhes pareser que eu era a que tinha desculpa por a dita menina se me emcrinar mais que a minha tia asin que vindo o dia do evangilista em maio este fes um anno no quall ove nesta casa grandisimas deszensois a reepeito doutra novisa que de poucos dias tinha vindo filha de manoel d allmeira de vascosgonselos e como eu naquelle dia fose a casa da dita abadesa abrir uma carta que me veo de serta pesoa minha parenta estive com a dita abadesa ana da madre de deus e sua irmam maria dos santos e as duas primas nomeadas e maria d anunsiada e mariana d asensam e com estas duas tinha eu grandes brigas no tenpo que fui porteira sobre elas quererem falar com os solldados de dom sancho que aqui nese tenpo era morador e como esas todas eram magoadas por a dita menina tanto que me viram comesaram a falar nela eu lhes dise que ja era tenpo diso esqueser elas asindio em ira que parese me queriam emgolir ana da madre de dés me dise que eu meresia posta na santa emquisesam eu sintindo esta palavra muito lhe dise que quem la me puzara a premeira ves me puzese a segunda a que ela me chamou me emgrata dando a emtender que seu primo me fora la valia pera não ser castigada a que eu respondi que todos os diabos levasem todas que la que niso me soubese allguma couza que não descrubise a que respondeo mariana d asensan que em di bem que avia la de ser afrontada por todo o mundo pois eu falava nas amizades desta casa hee fallsimo e me he dés boa testemunha que não ca falei na tais amizades em nhum tenpo o que ainda lhe durava do tenpo de eu porteira e estando ahi prezente a dita abadesa amtonia de madre de dés e ouvindo todas estas rezois não teve boca pera reprender mais que a min pelo que dou a todas estas snra por sospeitas em minhas couzas por ter conhesido delas claramente serem minhas imigas e o ter esprementado em obas como tambem dou por sospeita a maria do des-erto por no tenpo que ela andava mall com mariana da glloria tivemos por iso cauza muitas duvidas e ainda depois delas serem amigas eu conhesi claro o não ser ella minha por o que dizia em minha auzensia e disto darei testemunhas como de tudo o mais que tenho dito o que dés mo he que posa na verdade e ainda podera co ela dizer muito que não faso por não molestar a quem ler este papell e não querer descrubrir o que pasa na religiam porque se sinto tam grande pena he a respeito de cuidar pode aver descredito nesta religiam porque se sortam desgrasa da que tallvei ja não me atrevo a sostentar a vida que em breves dias acabara com pura pena e sintimento

Joana De Jhús

Legenda:

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