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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1463

[1658]. Carta de [Filipa Nunes de Tovar, mulher de mercador], para o genro, [Policarpo de Oliveira, mercador].

ResumoA autora dá indicações sobre o modo de proceder nos interrogatórios e transmite informações diversas, dizendo nomeadamente quem é que ela já denunciou, que a sua irmã Ana Henriques se encontra presa, e outros dados a pedido da sua companheira de cela para o marido, detido no mesmo cárcere que o destinatário.
Autor(es) [Filipa Nunes de Tovar]
Destinatário(s) [Policarpo de Oliveira]            
De Portugal, Coimbra, cárcere inquisitorial
Para Portugal, Coimbra, cárcere inquisitorial
Contexto

Antónia Gonçalves, cristaleira e parteira nos cárceres da Inquisição de Coimbra, foi acusada de ter sido medianeira de uma série de recados achados em seu poder. Segundo relato dos guardas, "a dita Cristaleira ficara mui sobressaltada quando lhe foram achadas as ditas meias e papéis, amofinando-se grandemente por isso." O conjunto de cartas e bilhetes apensos ao seu processo foram trocados entre dois cárceres, envolvendo dois canais de comunicação. Semelhante achado ficou a dever-se ao alerta dado por um preso, João Pires. À vista do alcaide dos cárceres, este preso fingiu estar a dar-lhe um cântaro de água suja, mas na verdade estava a entregar-lhe "um papel dobrado, acenando-lhe com os olhos, como quem nele lhe fazia algum aviso." Pouco depois, Antónia Gonçalves preparava-se para lançar uma mezinha a Francisco de Paz, companheiro de cela daquele preso, sendo então surpreendida pelos guardas, que acharam nas algibeiras da sua saia uns papéis dobrados e atados com uma linha, incluindo uns bilhetes feitos com aproveitamento de suporte de papel, proveniente de púcaros com amendoada, trazidos da botica.

Entre os envolvidos naquelas comunicações ilegais, contavam-se Filipa Nunes de Tovar, presa em companhia de Maria Gonçalves de Almeida, o marido desta, Francisco de Paz, e ainda Policarpo de Oliveira, futuro genro de Filipa Nunes de Tovar, preso no mesmo cárcere que Francisco de Paz. Filipa e Policarpo trocaram mensagens entre si com recurso à cristaleira, e intervieram como leitores e escreventes a pedido de Francisco de Paz (por estar sangrado) e de Maria Gonçalves de Almeida.

Em audiência de 24 de Setembro de 1658, João Pires pediu para ser ouvido pelos inquisidores, com o intuito de entregar o presente escrito (PSCR1463), o qual achara no seu cárcere a 20 de setembro, mais precisamente no colchão da sua cama, metido num buraco. Declarou que este era o escrito que Policarpo recebera havia cerca de um mês, por intermédio da mesma cristaleira. Conforme declarado por Policarpo de Oliveira, Antónia Gonçalves entregara-lhe esta carta, escrita com a letra de Filipa Nunes e "na qual, promiscuamente, escrevia em nome de ambas para ele declarante e para o dito Francisco de Paz."

Suporte uma folha escrita no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Coimbra
Cota arquivística Processo 8966
Fólios 43r
Online Facsimile http://www....
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Fernanda Pratas
Contextualização Ana leitão
Modernização Fernanda Pratas
Data da transcrição2016

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filho por via desta mulher soube como vm estava em conpanhia do meu compadre frnco de pas e sabra Vm como dei em minha irma q tanben qua esta e no meo irmao e no pinhel e no querido e en nicolau en vm não falei mas se me apertaren ei de falar e vm fale en min e fale vm q a sua vida he mais enportante q tudo não fiquou pesoa nenhunhua no porto ou perza ou fugida o narda tanben qua esta e toda a sua gente en lisgoa tanben me dizerão q não fiquou nimgen antonio e migel tanben me diserão q os prenderão a mai de antonio Roz e luis não sei se estan qua porque eles não an de goardar ningen asin o diga ao sinhor frnco de pas e que que ei de far nele q fale ele tanben en min vm me mande reposta e seja letra p grande pa q elle a posa ler q não veja a sua violante ahi fiquou en caza de ana ribeira vm fasa mto por se livar q se ha mister a sua vida pa enparo dela


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