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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1563

[1702]. Carta de Filipa Maria para António de Castro Ribeiro.

ResumoA autora pede esmola ao destinatário para ir para casa de um tio, em Castelo Branco, pois é órfã e a família que lhe resta em Lisboa foi presa pelo Santo Ofício.
Autor(es) Filipa Maria
Destinatário(s) António de Castro Ribeiro            
De Portugal, Lisboa
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Processo relativo a Filipa Maria, de 17 anos de idade, natural de Lisboa e aí residente, presa pelo Santo Ofício, sob acusação de judaísmo, em 1702.

Filipa Maria ficara, pela morte de seus pais, à guarda da sua irmã, Catarina Maria e do marido desta, o médico Gaspar de Sousa, que a autora trata por tio. Tendo a irmã e o cunhado sido presos pelo Santo Ofício por judaísmo (a 28 de agosto e 2 de setembro de 1702, respetivamente), Filipa Maria ter-se-á dedicado a escrever cartas a diferentes pessoas, pedindo esmola para ir para Castelo Branco, onde alegava ter um tio que poderia acolhê-la. A autora, todavia, não terá conseguido obter a ajuda de que necessitava para fugir, acabando por ser presa a 11 de outubro do mesmo ano.

Uma das suas cartas (PSCR1560) está incluída no processo de Manuel Soares Brandão, médico que a jovem conhecia através do seu cunhado. Constam do processo de Filipa Maria outras quatro cartas, remetidas pela autora a diferentes destinatários, que as expediram aos inquisidores, alegando não conhecer a jovem nem os seus familiares. Fazem parte deste grupo as duas cartas escritas por Filipa Maria a António de Castro Ribeiro (PSCR1562 e PSCR1563), que as remeteu ao Inquisidor João Rodrigues Duarte, declarando no sobrescrito de uma delas que descompusera o seu portador e que não conhecia a sua autora.

Suporte um quarto de folha de papel dobrado, escrito na primeira face e com o sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 4549
Fólios 13r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2304535
Transcrição Maria Teresa Oliveira
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Maria Teresa Oliveira
Modernização Catarina Magro
Data da transcrição2016

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[fig1] Ao sor Anto de Crasto Ribro gde Des mtos @ [fig1]Meu senhor

quem a vmce lhe fas esta suplica he felipa maria filha de Manuel da Costa Barandão solicitador de cauzas que deos tem morador que foi no logar do sebo que pela sua morte fiquei em poder de meu tio gaspar de souza Teles medico que foi em azeitão he agora os veijo pre prezos em trabalhos e agora estou tan dezenparada que no mundo a similhante dezenparo pois bem que naquela prizzão me não podem valer asin que para fugir a tantas penas me he forcozo valerme do seu emparo para que me favoreca com huma esmola para ajuda de hir para castelo branco aonde Tenho hun tio o que fio no animo de vmce me despache esta peticão tam justa pelo portador que he de caza coando Vmce seija servido pois eu avia de cer a portadora se me fora posivel mas sou huma disgrasada donzela de Treze anos he estou oculta he coando vmce não venha no conhesimento eu conheco a vmce por meu emparo pois senper o foi he sera a hultima em que a vmce lhe pesa e portesto pedir a deos lhe aumente a vida serva de vmce

Felipa Maria

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