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Maarten Janssen, 2014-

PSCR1712

1722. Carta de João de Moura de Andrade, abade, para destinatário desconhecido, membro da Inquisição de Coimbra.

ResumoO autor partilha intrigas com o destinatário relativas a um padre, conhecido de ambos. Dá-lhe conta também de uma diligência de que está encarregado, saída de uma denúncia de judaísmo.
Autor(es) João de Moura de Andrade
Destinatário(s) Anónimo404            
De Portugal, Lamego, Castro Daire
Para S.l.
Contexto

Na sequência de comissão remetida em abril de 1722 pela Inquisição de Coimbra, o abade João de Moura de Andrade encarregou-se da inquirição de determinadas testemunhas. Assim foi denunciada a família do cristão-novo Henrique Lourenço de Castro, acusada de judaísmo. A presente carta integra o processo constituído contra ele e inscreve-se no conjunto de diligências intentadas no bispado de Lamego para inculpar os cristãos-novos da Vila Cova-a-Coelheira.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita no rosto do primeiro fólio e no verso do segundo.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Coimbra
Cota arquivística Processo 8845, apenso 1
Fólios 85r
Online Facsimile http://www....
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Clara Pinto
Contextualização Ana Leitão
Modernização Clara Pinto
Data da transcrição2015

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Meu Amo e mto sr do meu coracão.

Mto teimozos andão esses achaques com VM e eu dezejo a VM hũa saude mto valente assim pa castigar essas queixas como pa vencer tantas molestias. De todas livre Ds a VM e lhe de hũa felis dispozicam e vida dilatada pa gosto meu e de todos os q veneramos a sua pessoa eu passo bem e agora ando sem queixa de cuidado.

Neste correo de amenhã espero algũa noticia dos negos de Lxa e neste passado me diz o procurador q o Juis gal estava em Azeitam, mas q naquelle dia se havia de recolher; e como foi a procuracão dos Bndos entendo q estara feito o dezistimto; e ira caminhando a cauza. Agora de novo me avizam q a ste saiara dos autos hũa peticão sobre q cahião alguns despos do juis a favor dos Bndos hesta gente não cuida senão em diabruras, e inventos pa dilaçoens, mas espero em Ds q tudo hão de pagar. como ja se vai vendo na caza deste tolo e dicenssoens q vai tendo com os Irmãos.

No nego com o ultmo avizo q VM me mandou rezolvi darlhe obsa, e nomear outro comissro nelle se trabalhou toda esta somana; como tambem na apprezentacão dos dous sogeitos. e me vali da mesma pessoa q delatou pa os persuadir, com o fundamto dos Missionarios q a isso obrigavam em ordem a absolvicão das censuras; Hũa das taes pessoas logo conveio nisso , com pouca defficuldade , e asentou q fosse por via do confessor a qm ja tinhão comunicado a culpa. Eu logo preveni o tal confessor e instrui como se havia de portar, se acazo lhe soccedesse ser procurado. e nestes termos entendi tinha conseguido o intento. Mas o Demonio não se descuidou e logo no dia segte dispersuadio os sogeitos da rezolucão. com a illuzão de q não era possível, nem estavão obrigados a culpar Pai mai e parentes tão chegados como Irmãos Tios etc e nesta opinião estão athe aqui contumazes, e pertinazes, ainda insisto em as mandar persuadir e aconselhar o q lhe convem pa o seu bem. queira Ds darlhe conhecimto verdadro do seu mal, pa se sogeitarem ao remedio q lhe he mais suave

Ds traga com saude a S Ema eu não duvido q venha a Coimbra, mas quero me inclinar a q o Bispo da guarda o obrigue a tomar per la a vareda. venha elle com bom succeso seja por onde for. Ds gde a VM ms ans. Crasto daire 21 de Agosto de 1722 Mto Amo do Coracão, e amate veneror de VM João de Moura de Andre


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