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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

[1823]. Carta atribuída a António Maria Vidal, acusado de ser salteador, para João Beja Falcão.

ResumoO autor tenta extorquir dinheiro a João Falcão para libertar António Araújo e ameaça-o de morte.
Autor(es) António Maria Vidal
Destinatário(s) João Beja Falcão            
De Portugal, Setúbal
Para Portugal, Ourique, Santiago do Cacém
Contexto

De quarenta e oito anos, António Vidal é descrito no processo: estatura regular, cabelo castanho escuro, rosto comprido e olhos pardos. Assumia várias denominações (Neves, Vidal e Cigano eram três delas) e várias profissões, como as de sapateiro, barbeiro, curandeiro e cirurgião. Achava-se pronunciado em muitos e diferentes crimes, tais como salteador de estradas, sócio de ladrões, arrombador de cadeias e raptor de mulheres casadas (em várias terras): raptou a mulher e a filha de Vitorino José, da aldeia de Alvor, onde também roubou. Preso na cadeia de Vila Nova de Portimão, arrombou a grade da cadeia e fugiu; foi morar depois para a Aldeia da Trindade, do termo de Beja, e aí fez roubos e arrombamentos; furtou a seu sobrinho Fortes vinte moedas de um alforje que estava em cima de uma égua; aí mesmo amancebou-se com Ana Zorrega, recetadora de todos os seus furtos e que o acompanhava para toda a parte; furtou duas cargas de tabaco e duas clavinas a uns espanhóis e andou depois a vendê-las de monte em monte. Consta do processo que uma quadrilha de salteadores atacou de noite o Monte de Rosa Gorda, onde Manuel Vaz Lampreia residia. Entraram pelo telhado da casa, maltrataram a mulher (o lavrador não estava em casa nessa noite), roubaram quatrocentas moedas em oiro e prata e muitas joias de valor. Passados oito dias foi achada uma clavina perto do monte junto a um ribeiro. Tanto a mulher como as criadas de Manuel Vaz Lampreia reconheceram a clavina, que fora utilizada pelo salteador mascarado que entrou na casa. A arma foi reconhecida como sendo do uso do réu, e ele foi preso, juntamente com um desertor de nome Nogueira acusado de ter sido recetador das peças de oiro roubadas pelo primeiro. Este último foi condenado às galés para o resto da vida. O processo acabou por ser declarado nulo e o réu absolvido.

A forma de extorsão que esta carta documenta (e outras mais de igual teor) representa uma prática que se tornou característica da cadeia do Limoeiro no primeiro quartel de Oitocentos e cuja amplitude em muito beneficiou da instabilidade política e social associada aos primeiros anos do Liberalismo e da ambiência generalizada de vulnerabilidade e suspeição.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita em três faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra A, Maço 24, Número 3, Caixa 52, Caderno 1
Fólios 283r-284v
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Catarina Carvalheiro
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Page 283r > 283v

Snr João Beja

mto estimaremos a sua boa saude IGualmente ao seu Desejo e Em Compa de tudo mais que lhe Respeita Snr não serve esta de mais que Partecipar a Vmce que na Cadeia da Corte do Limoeiro se acha Prezo Antonio Joze de Araujo o qual mto noso Amo e Camarada e Como para Bem de obeter a sua Librade lhe seja nesesa-rio fazer hum Depozito da Coantia de 19 muedas e nos não estemos a pontos de lhas puder remeter esta a Rezão Por que temos a honrra de oCupar a Vmce na dita Coantia asima DeClarada A saber este Diro pedimos nos ao Snr Impastado para lhe ser Restetuido com Pallavra de homrra aSim Como tãobem faltando o Snr a este peditorio Antão de maneira alGuma podera ser bem tratado Portanto o Snr



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