Representação em facsímile
[1600]. Carta de Álvaro Vaz para Miguel de Castro, arcebispo de Lisboa.
Autor(es)
Álvaro Vaz
Destinatário(s)
Miguel de Castro
Resumo
O autor dirige-se ao Arcebispo de Lisboa, dando-lhe conta das injustiças que dizia ter sofrido perante a Inquisição, pedindo intervenção na restituição da sua honra e bom nome.
forão causa, q fossem diminuidos, quãtos injustamẽte ensambenitarão, quãtos
queimarão cõ testimunhos falsos, q pa diser ẽ hũ mõte, Mestre Alvaro sur
gião fui condenado e queimado cõ trinta ou quarẽta testimonhas todas falsas, e
he isto certo. Cuidavão os Inquisidores de acreditar sua Inquisisão comigo
e não fiserão outra cousa q publicar ao mundo minha christandade, e ma
nifestar, e faser notorio a todas as nações as falsidades e juramẽtos falsos
q nas Inquisosões de Portugal cada dia se cometẽ, de q os Inquisidores
darão a Ds a estreitissima conta q ha no mundo q se ganhẽ bispados
a conta de destruir minha honra? a Ds deixo a vingança.
O Sor Dom Theotonio de Evora não pagou bẽ a Roma pois ẽ retor
no das verdades Catholicas q de Roma recebemos, elle lhe pagou
cõ livros ou cartapassios de testimunhos falsos, e de falsidades e mentiras q
os Inquisidores fiserão diser; q chegão a festejar tãtos falsos testimunhos
q ẽvolvendoos ẽ velludo carmesim lhe dão o proprio lugar q a igreja
Sancta e mai minha, daa e ordem aos Evangelhos de Xpõ Jesu,
pa serẽ publicados. Ds vee, aguarda, e dissimula q a VS de
longa vida ã seu servisso, e sua gloria. porq per modos injustos causão os Inquisi
dores jurarẽ huns falso cõtra os outros per isso digo assima q injustamente ẽsambe-
nitão, e queimão os mui Catholicos.
Criado
Alvaro Vaz
Ao Sõr Arcebispo de Lisboa
E meu Sõr