Representação em facsímile
1760. Carta de Manuel Borges Pimentel, arrieiro de tropa, para seu pai, Eugénio Pimentel, capitão.
Autor(es)
Manuel Borges Pimentel
Destinatário(s)
Eugénio Pimentel
Resumo
O autor, lamentando-se da sua sina e de estar distante dos pais, implora pelas suas bênçãos e prepara-os para a receção de notícias menos afortunadas; descreve diversas peripécias por que passou desde que chegou ao Brasil, confessa ter desobedecido às ordens do pai e anuncia ter casado em Goiás.
Mãi hoje hé que Eu me
llembor de tanto amor
que vmce me tinha neste dia me llembor dos excesus
que vmce fazia por amar e venerar este filho inu
till que antes Eu morrese quando minha
Mãi
e sor me botou aos seus pes
e antes o navio fose a pique
quando meti pes nelle
pa vir pa estas
terras
que deixharia de agora lhe manefestar a vmce
tantos trabalhos que tenho padesido por
estas
terras. Agora dezejo e tenho dezejado 2 mil
vezes o ma-
is vil canto da estervaria de vmce que se nelle me
vi se não pasaria o que tenho
pasadó e terei pa pa-
sar em satisfasão
de todos os meus pecados que
não sei se se pagão os pecados neste mundo ou no ou
tro mais bem
afurtunado daquelles que tem
o seu pergatorio neste.
Estando no
Rio de jan-
eiro
pa continuar com os estudos em caza de
meu Tio
Anto coelho quis as minhas infilicidades
q me axhaxem com capacidade
pa soldadó de
sta Catheriná e como Eu tive
huas estorias com hu-
m celrigo filho do
portó e por elle me dizer ser
tas
Libardades emtentei a matalló adonde
semper lhe foi bater a sua porta
pa obra o que
emtentava fes queixha de
mim ao governa-
dor e andavão atras de mim a ver se me
podiam apanhar
pa me mandar pa
sta Cathe
rina
por soldado andei hums tenpos escondido
na Rosá de meu tio
Caietano Coelho e de meu
tio Antonio Coelho emté
que apareseó hum celrigo