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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | O autor, lamentando-se da sua sina e de estar distante dos pais, implora pelas suas bênçãos e prepara-os para a receção de notícias menos afortunadas; descreve diversas peripécias por que passou desde que chegou ao Brasil, confessa ter desobedecido às ordens do pai e anuncia ter casado em Goiás. |
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Autor(es) | Manuel Borges Pimentel |
Destinatário(s) | Eugénio Pimentel |
De | América, Brasil, Goiás, Ferreiro |
Para | Açores, Ilha Terceira, Angra do Heroísmo |
Contexto | Manuel Borges Pimenel foi denunciado por culpas de bigamia pelos próprios pais e pelos sogros, os quais se apresentaram perante o comissário do Santo Ofício na sua residência oficial, o antigo colégio jesuíta de Santo Inácio (Angra do Heroísmo), respetivamente em janeiro e fevereiro de 1763. Ali entregaram, os primeiros, a carta que o filho lhes remetera (PSCR1627), andando ele pelos sertões de Goiás e São Paulo, juntamente com as certidões de banhos de Angra, extraídas com a finalidade de aliviar a fiança dada no bispado de São Paulo. Fazendo-se treslado do livro de termos de casamentos existente na sé de Angra, atestava-se que o réu, sendo natural da freguesia da Sé, tinha casado a 17 de outubro de 1753 com Micaela Rosa do Espírito Santo, natural da freguesia de N.ª Sr.ª de Guadalupe, de quem chegou a ter um filho. Ao confessar as suas culpas na presença dos inquisidores, o réu revelou que, aos 18 anos, estando ele a estudar e a preparar-se para seguir a vida religiosa, foi obrigado judicialmente a casar com aquela mulher. E, "levando a mal este casamento, os pais dele confitente o fizeram embarcar para a cidade do Rio de Janeiro ocultamente, dando-lhe seu pai uma carta fechada para que a lesse no mar, em que lhe dizia que no fundo de um barril que havia entregado ao capitão do navio em que ia acharia dinheiro para a sua subsistência, cartas para parentes que tinha na América, e que em casa destes cuidasse nos seus estudos, porque dentro em seis anos poderia morrer a dita Michaela Rosa e seguir ele a vida eclesiástica para que fora destinado" (fl. 41v). Uma vez chegado ao Brasil, e fiando-se, segundo disse, na notícia da morte da sua mulher, prosseguiu a sua preparação religiosa, na companhia do padre António Ribeiro de Sequeira, que conheceu entretanto, o qual ia servir de pároco numa igreja em Goiás. Ao privar com familiares deste padre paulista, veio a conhecer uma mulher solteira, D. Ângela Custódia do Sacramento Coutinho, e com ela se viu forçado a casar, sob ameaça de prisão. Deste segundo casamento, celebrado a 7 de janeiro de 1760, teve cinco filhos. O Tribunal do Santo Ofício mandou proceder a inquirições junto dos moradores da ilha Terceira e enviou orientações para que idênticas providências fossem praticadas no Brasil. Efetivamente, em junho de 1768, várias testemunhas desfilaram perante o vigário da vara de Vila Boa, munido das diligências recebidas pelo vigário do Sabará (comissário do Santo Ofício), oriundas de Lisboa. Manuel Borges Pimentel, batizado e crismado na sé catedral de Angra do Heroísmo, quando rapaz, aprendeu alguns princípios de latinidade. Recebeu mandado de prisão a 24 de abril de 1769 por bigamia. Uma vez apanhado, foi transportado para Minas Gerais e daí para o Rio de Janeiro. Aí ficou preso alguns dias, no Convento do Carmo, antes de embarcar para Lisboa, na nau S. Francisco Xavier. A 8 de junho de 1771 dava entrada no cárcere inquisitorial. Recebeu por pena sair em auto-da-fé, ouvir a sentença, ser açoitado pelas ruas de Lisboa e degredado nas galés durante 7 anos, além de penitências espirituais e do pagamento das custas judiciais. No "rigoroso degredo" das galés de Sua Magestade, Manuel Borges Pimentel contraiu algumas enfermidades, pelo que requereu ao Rei a comutação da pena. O seu estado de saúde foi corroborado pelo cirurgião e sangrador dos cárceres inquisitoriais, o qual, deslocando-se à enfermaria do hospital do Arsenal a 8 de fevereiro de 1773, ali achou o réu com quatro doenças agudas e já em perigo de vida. Cerca de um ano e meio depois, faleceu no mesmo hospital. |
Suporte | quatro folhas de papel de carta escritas em todas as faces. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Fundo | Inquisição de Lisboa |
Cota arquivística | Processo 717 |
Fólios | 14r-17v |
Socio-Historical Keywords | Ana Leitão |
Transcrição | Ana Leitão |
Revisão principal | Catarina Carvalheiro |
Contextualização | Ana Leitão |
Modernização | Catarina Carvalheiro |
Anotação POS | Clara Pinto, Catarina Carvalheiro |
Data da transcrição | 2014 |
Page 14r | > 14v |
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