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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1822. Carta de Rodrigo da Fonseca Magalhães para José da Silva Carvalho, Ministro da Justiça.

Autor(es)

Rodrigo da Fonseca Magalhães      

Destinatário(s)

José da Silva Carvalho                        

Resumo

O autor pede ao destinatário que aceite que ele deixe de conviver enquanto espião com os opositores ao regime constitucional.
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não tenha feito a mais ruim pintura: ja attribuindo-lhe máo caracter, ja inconstancia e falta de segredo; conhecido liberalismo etc succedendo dizer eu isto ou de pessoas que inteiramente desconheço ou de algumas que tenho por mui dignas.

Neste estado de violencia em que me acho, e que mal soffro, eu mesmo me vejo compromettido por mais de huma razão temo vir a ser descuberto como falço adherente ao indigno sistema dos facciosos. Não temera eu o mal, que disso me pode resultar, se delle proviesse alguma utilidade á causa publica.

Na verdade eu julgo que ha combinados para a execução alguns homens (não muitos;) o que de proposito se me occulta; mas não tenho esperança de os vir a conhecer, porque como ja disse, não alicio ninguem; e huma activa aliciação me poderia acreditar aos olhos dos conspiradores. Sendo isto assim, creio não dever continuar em minhas observações, porque nada addiantarei. Alem de que o tempo que se da a estes desgraçados serve de augmentar o numero dos criminosos (porque apezar da minha opposição, elles hão de aliciar quem puderem) e de aggravar com crimes novos, e de cada vez maiores a situação desditosa dos que se tem declarado chefes de rebelião.

A Justiça e a humanidade imperiosamente ordenão que se atalhe o progresso do mal. Eu não tenho cessado de affligir-me por ver como estes miseraveis correm ao precipicio. He-me violentissimo ouvir de continuo os discursos mais absurdamente atrozes, e os planos mais infames, e crueis.



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