Autor(es) |
Francisco José de Almeida
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Destinatário(s) |
João da Almeida de Melo e Castro
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In English
| Letter from Francisco José de Almeida de Melo, a medicine doctor, to his friend João de Almeida de Melo e Castro, a diplomat. The author elaborates on the differences between Portuguese and foreign women. He hopes to be able to live according to an Epicurean philosophy. João de Almeida de Melo e Castro (1756-1814), the 5th Count of the House of Galveias, was a Portuguese diplomat who, given the pluri-continental nature of the monarchy he represented, had to be very subtle, while dealing with foreign powers, in the management of the resulting Portuguese political ambiguity. He was a plenipotentiary minister in London, the Hague and Rome and an ambassador in Vienna. After 1801 he had different government functions: foreign affairs minister, war minister, navy and overseas minister. He had also several honorary titles. He married Dona Isabel José de Meneses but they had no children, so the 6th Count of Galveias was his brother Francisco (1758-1819).
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Exmo Sr D João de Almeida
Há tempo q não tenho recebido carta de VExa,
supponho-o
no campo desfrutando os gelados cumprimtos
das Sras Hollandezas;
outro tanto succede por cà: mais vivera na verde nas intrigas antes;
mas o mesmo frio nos extremos: ainda hoje me disse o Conde
de Oeiras, q já Pariz o
desgostava tanto, q não esperava continuar
aqui o anno segte: queixou-se do sexo: mtas vezes o
Velho Sanchez, q
tinha desfrutado o melhor por todo o norte, chorava
Portugal; e erão
as Damas o objecto das suas lágrimas. Por certo aquelle mimo,
aquella
meiguice, aquelle fogo de ciume, q
no rosto mudo exprimem tão viva
mte o q vai no coração, só
as nossas Portuguezas o tem. Hum suspiro
desdenhozo,
hũ suspiro escapado, q Emphasis suavissima não escondem?
Bem mal parece q
eu entertenha a VExa
de coizas, q o mundo tra
ta de bagatella, emqto algũ projecto enredante,
alguma intriga
politica occupa a sua alma; mas eu não o supponho na Haya; está
no campo, agora não he Menistro; hé mister devertir se
e estas lembran
ças não são tão indignas do homem q
elle sem sahir de si não acha
no seu coração, e no seu sangue os estimulos q as suscitão; vou pa
Por
tugal, e se comigo fosse aquella; por qm eu sahi; teria eu hum prazer
inteiro; creio q hum Portuguez longe de Portugal
hé peixe fora de
agua, enlanguice, e morre eu dezejo o bem de todo o homem; convido
todo o Portuguez a ir passar os seus dias
no seu berço, de q servem
gdes esperanças; se o homem só vive do desejo q
desfruta! Hum vestido
doirado hé coisa viva, mas tornar
em lugar de alliciar cega
há tanto não basta vestir dos
pannos, q ellas . Hua carruagem hé mto
commoda; mas o e-
xercicio hé mtos estão a roda de mim, e as bellas
assistem no bairro, não se vive
mto bem sem aquelle appomto