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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1812. Carta de Miguel Arcângelo de Carvalho, vereador, para António Vidal Ferreira Pinto, padre.

ResumoO autor recebe uma carta que o alegra enviando-a ao padre.
Autor(es) Miguel Arcângelo de Carvalho
Destinatário(s) António Vidal Ferreira Pinto            
De Brasil, Maranhão, Santa Clara
Para Brasil, Maranhão
Contexto

O capelão de Cururupú, o Reverendo António Vidal Ferreira Pinto, foi denunciado em 1813 por um lavrador inimigo, José Gonçalves Castelhano, enquanto culpado de uma série de crimes. O réu foi acusado de viver "escandalosamente amancebado durante mais de nove anos com Faustina Teresa, mulher casada com o alferes António dos Reis", e ainda "concubinado de portas adentro com a preta forra Maria Benedita." Disse-se ainda que era "muito remisso na administração dos sacramentos, como aconteceu com um homem branco, filho de Portugal, e com uma escrava chamada Iria do Padre António Alves Domingues", e também "um refinado negociante." Dava "conto e asilo a homens facinorosos e degredados, como um João Alves, homem de tão péssimo caráter que tem chegado a forçar algumas mulheres, dado pancadas" e era "costumado a apanhar cartas alheias para as abrir e ler e, por este meio, descobrir os segredos das famílias e dos particulares." Fazia "um notório e sórdido monopólio dos mesmos sacramentos, não batizando senão por mil e seiscentos réis, quando a esmola que recebe o pároco não excede a quatrocentos réis, e não assistindo ao sacramento do matrimónio sem que lhe deem três mil e duzentos réis." O autor do processo, no entanto, acusou também o dito padre de um crime mais banal. A 25 de setembro de 1812, o padre teria cometido contra si um "rigoroso furto": o roubo de um boi de carro, mandando-o matar "por dois dos seus agregados, com o pretexto de que tinha ido à sua roça", fazendo com que se enterrasse o coiro e a cabeça do animal "para que se não descobrisse o malefício" e conduzindo a carne para sua casa. Ao fim de um processo criminal que durou 6 anos, o capelão acabou absolvido.

Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 3, Número 17, Caixa 11
Fólios 333r
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcrição Cristina Albino
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Rita Marquilhas
Modernização Rita Marquilhas
Data da transcrição2007

Page 333r

Rdo Senhor Anto Vidal Ferra Po Sta Clara 27 de 7bro de 1812

Amo da ma Alma hontem, q se contarão 26 chegou a este porto o Barco do Amo Branco, no qual Veio huma Carta, q meo Padrinho me manda e emcluza Veio huma feita, ao nosso Amo Castilhano q elle me Remeteo abêrta, pa q Eu Vise o q nella dezia; meo Amo qdo abri a mimoza Carta e q Vi o seo Conteudo; não quis Jantar de Contentamto e aligria e o despois q pasou hum bocado de tenpo deome aligria tempo: bibilhe, huma boa gota, as saudes do meos Vêlhôz. emfim Amo fiquei Suspenso de gostos q não sei Explicar

A propria Carta lhe remeto abêrta pa Vm Ver e despois de lida ajustara Com obreia, emtregara ao portador pa hir Levar ao soberbão, e pa q elle conhesa que ficarão, prostrados os seos tinbres. Amo do meo Corassão, Eu de gosto nem Sei Expresarme, lhe digo q nós Levemos a palma e elles q Vão ...

Ds lhe de Saude em Compa de tudo o qto lhe Pertense pois dezeja qm e Sira Sempre

De Vm Amo firme e Vor Miguel Archanglo de Carvo

PS Se lhe parecer, Copeia q não Sera Mâo



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