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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1620. Carta de frei Augusto de São Domingos para um colega.

ResumoO autor manda notícias, mantendo segredo sobre a identidade de uma pessoa e enviando outras cartas e um cilício.
Autor(es) Augusto de São Domingos
Destinatário(s) Anónimo448            
De S.l.
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Este processo diz respeito a Grácia Pires, beata de 25 anos de idade, fiandeira, solteira, natural e moradora no Monte da Roda (Sertã), filha de Domingos Pires (lavrador) e de Maria Gonçalves, acusada de fingimento de visões, revelações e dons especiais. Grácia Pires dizia que era santa e que Nossa Senhora lhe aparecia muitas vezes, sendo que algumas dessas vezes levava o menino Jesus ao colo e lho dava para a mão. Dizia também que faria milagres numa ermida. Por este motivo, a ré foi denunciada por Álvaro Leitão de Abreu, vigário geral da vila da Sertã e sua comarca. A 1 de julho de 1618, o dito vigário mandou que fosse a sua casa o padre António Simões, cura da freguesia de São Simão do Nesperal, de 65 anos de idade, para lhe entregar as cartas relacionadas com Grácia que ele tinha em sua posse. Este entregou-lhe as cartas que se encontram no processo, entre as quais a escrita por Leonor Rodrigues (PSCR0315), cuja parte rasurada continha louvores aos padres António Simões e António Vaz e terá sido o próprio padre António Simões a rasurar. António Vaz, clérigo de missa, cura e reitor da freguesia do Espírito Santo do castelo, de 45 anos de idade, era padrinho de crisma da ré. Os dois padres eram suspeitos de demonstrar "demasiada paixão" pela moça, apoiando-a e defendo-a em várias ocasiões. Segundo ela, uma mulher que disse ser a Virgem Maria deu-lhe uma vez pão e outra vez algumas moedas, e tudo ela entregou depois aos dois padres. Acabou por confessar que mentiu em tudo o que disse, alegando querer ser vista como virtuosa. Em auto-da-fé de 10 de janeiro de 1621, foi sentenciada a degredo por três anos para Castro Marim, a não voltar a entrar na sua terra e termo, a penitências espirituais e a pagamento de custas.

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita apenas no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 7879
Fólios 57r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2307973
Socio-Historical Keywords Maria Teresa Oliveira
Transcrição Leonor Tavares
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Fernanda Pratas
Data da transcrição2016

Page 41r

Pax xpo etca. sesta feira ao meo dia reçebi essas cartas de lionor Rois ahi as mando a vm pa que as veja e o pe Anto vaz sómte, por ellas podera ver como nosso sor pareçe que he comnosco, e nesta obra, juntamte me mandou o Ciliçio, o qual tambem mando a vsms pa q o mostrem aquella pessoa, porem antes de lho mostrar lhe perguntem os sinais, porq nos que me deu não cõvida, no demais parece q ssim, pois dis q lhe faltou, e naquelle tempo, alguãs cousas dis que são mto pa se cõsiderar, e de mtas pessoas não cahicem nellas fazem mtos creos vm lhe diga como se encomenda mto a ella, e se tiver alguã cousa acerca della mo mande diser porque lho hei de escrever como mo pede com outras que essa pessoa me ha dito acerca della, juntamte me torne vm a mandar as cartas e o çiliçio pa lho mandar, e a reposta, e ja que eu tomei isto tanto a minha conta peça vm a essa pessoa q não se esqueça de mim e de minhas cousas, e do q nisto lhe tenho pedido: essas continhas lhe manda lionor rois ca lhe tomei tambem meu quinhão: eu estou quasi cõcertado pa Coimbra, quando ouver de ser avisarei, ainda q confio no sor q antes nos avemos de ver vm me encomende a ds e ao pe Anto vas peça de minha parte o mesmo, e o pe prior se encomenda tambem a vsms e pede o mesmo que o encomendem a ds e aquella pessoa. nosso sor Aga oje 2 de julho

fr Ango de S domingos



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