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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1620. Carta de Fernando de Mendonça, frade, para a sua mãe, Maria da Costa.

ResumoO autor escreve à mãe dizendo que não vai incriminar algumas pessoas no seu caso.
Autor(es) Fernando de Mendonça
Destinatário(s) Maria da Costa            
De Portugal, Torres Vedras
Para Portugal, Leiria, Alcobaça
Contexto

Este processo diz respeito ao frei Fernando de Mendonça, de 30 anos idade, acusado de sodomia. O réu era natural de e morador em Lisboa, filho de Sebastião Correia da Cunha e de Dona Maria da Costa, sacerdote e religioso da Ordem da Santíssima Trindade. Tinha sido casado com Francisca Fajarda, castelhana, de quem se desquitou para seguir a vida religiosa. A 4 de novembro de 1620, Francisco Ramalho, familiar do Santo Ofício, de 56 anos de idade, casado com Catarina Dias e morador em Torres Vedras, denunciou o réu e, em companhia de André Fernandes, ourives e familiar do Santo Ofício, efetuou a prisão de Fernando de Mendonça, na quinta onde vivia o irmão deste, Gaspar da Cunha de Mendonça, em Alcobaça. O réu foi depois conduzido para Torres Vedras, onde permaneceu por alguns dias. Dois dias após a sua prisão, Francisco Ramalho fez uma visita ao réu para lhe oferecer os seus préstimos, e este pediu-lhe que entregasse uma carta para a sua mãe (PSCR0336), que estava em companhia de seu irmão Gaspar. O réu acabou por escrever mais uma carta para o seu irmão (PSCR0337), e ambas as cartas foram entregues a André Fernandes, que as entregou à mesa da Inquisição. Questionado sobre o conteúdo das cifras, o réu respondeu que eram apenas um rol com o nome das pessoas com quem tinha cometido o pecado de sodomia. No entanto, disse coisas diferentes noutras ocasiões do seu testemunho. Embora as cartas não tenham sido decifradas pela Inquisição, julga-se que o conteúdo das mesmas fosse um aviso aos envolvidos para que não se denunciassem uns aos outros. Em auto da fé de 17 de Dezembro de 1621, foi condenado a degredo para sempre para as galés, confisco de bens, privação para sempre do exercício de suas ordens de voz activa e passiva de sua religião, e penitências espirituais.

Suporte um quarto de folha de papel não dobrada escrita apenas no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 7101
Fólios 9r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2307170
Socio-Historical Keywords Maria Teresa Oliveira
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Fernanda Pratas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Fernanda Pratas
Data da transcrição2016

Page 9r

mescarenhas, gouvea silva e bento e glo meu sobrinho estejão sertos no q temos asentado e não am outra couza, mas cõtudo ei de por sospeicão ao mascarenhas por rezão da compra q fes do olival do val da godinha e a couto por rezão do dro q me tomou de mel da silva a glo porq o não fis frade pello q [...] elles estejão be nesta verdade se lha perguntarê, silva e gouvea não à pena q nos ca estamos a regra porq pro morrerei q ofendellos



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