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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1653. Carta não autógrafa de Francisco Gomes Henriques para Jerónimo Nunes.

ResumoO autor dirige-se a um seu amigo, Jerónimo Nunes, pedindo-lhe que lhe cuide da casa, negócios e família enquanto ele está no cárcere.
Autor(es) Francisco Gomes Henriques
Destinatário(s) Jerónimo Nunes            
De Portugal, Lisboa, cárcere do Santo Ofício
Para S.l.
Contexto

Há duas cartas guardadas como prova instrumental no processo de Francisco Gomes Henriques, preso por judaísmo e blasfémias. Francisco Gomes Henriques pediu a D.José Carreras, seu companheiro nos cárceres da Inquisição (Proc. IL393), que lhe escrevesse uma carta (PSCR1322) e que a enviasse ao destinatário por meio do seu advogado. D. José Carreras espiava Francisco Gomes Henriques para os inquisidores e informou a Inquisição deste pedido. Disseram-lhe que podia escrever o que quisesse, advertindo-o que lhes devia dar conta de tudo. Assim, D. José Carreras escreveu a carta, que Francisco Gomes Henriques assinou, e depois entregou-a na mesa da Inquisição.

Depois de saber que fora condenado à morte, a 28 de Setembro de 1654, e de a sua apelação ter sido recusada, Francisco Gomes Henriques escreveu uma derradeira carta à mulher e à família (PSCR1323)

Bibliografia:

Baião, António (1953), Episódios Dramáticos da Inquisição Portuguesa, Vol. II, Lisboa, Seara Nova (2ª ed.).

Suporte uma folha de papel dobrada em quarto, escrita na primeira face.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 10794
Fólios 124r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2310971
Socio-Historical Keywords Tiago Machado de Castro
Transcrição Maria Teresa Oliveira
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Maria Teresa Oliveira
Modernização Clara Pinto
Data da transcrição2016

Page 124r

señor heronimo nunez

Amigo e señor, Eu estou mto miserabel donde estou por meus pecados, q ninguem me conhecerá quando sair e a minha ida não sera pa esta cide porq vai ca mto grande bulha sobre mi; acudame o ds que pode q nelle tenho a fe e confiança como Pai e sr de misericordia porq athe o pnte me não terem estes homens falado a proposito. Estou vendo o desemparo da minha casa; VMce como amigo d alma, confio q suplirá a todas as necessidades urgentes consolando essa pobre desgraciada de minha compa filho e filhas; favoreçalas quem pode e lhes de paciencia e a mim disponha como for de seu serviço com sufrimto. Bem folgara de ter novas certas de minhas cousas e casa pois me servirião de alivio nestas miserias em q me vejo porem receio os impossibeis q estão de permeio, porem siga VM a ordem q o portador lhe der em tudo.

Ao amigo, e amigos minhas lembranças e que mto deveras me encomenden a ds e a nossa andrada, do que fico certo por vida de nossa amizade, a quem ds gde como pode oje em 15 de junho 1653 @

de VMce frco guomes ẽriques



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