Representação em facsímile
[1620]. Carta de Rui Fernandes de Castanheda para a sua mulher, D. Catarina Faria de Alpoim
Autor(es)
Rui Fernandes de
Castanheda
Destinatário(s)
Catarina Faria de
Alpoim
Resumo
O autor notifica a sua mulher de que foi preso em Caminha e que vai ser
levado pela Inquisição e dá-lhe instruções sobre como agir para o
ajudar.
Minha sora agora vos serão dadas as mais tris
tes E angustiadas novas q se pode immaginar
de que deos vos permita a mĩ E a vos dar mto grã
de pasiensia pois foi servido q eu fose tão de
zavinturado q não pudese escapar de não
ser prezo dezonrado E morese tão dezespera
do não por este pecado da ffe q nimgem me
levou a tentar nũca no zelo de sua santa
ffe mas sempre como vos dezia me temia
de mto grãodes E torpes pecados q eu tinha
feitos em mosidade de q me temia vilos pa
gar por esta via cõ tanta angustia imfamia
de minha onra E vosa q a vos sinto E vosa
onra E triste sorte minha mai E sora da min
ha alma eu fico prezo em caminha caregado
de feros pa me levarẽm de tera em tera a enqui
sisão que estes beis me vierão de minha ne
gra mai E parentes E estou quazi doudo E
sem sentido deitado no chão sẽ comer ha
3 dias E foi q indo cõ o negro precatorio de
galiza a esta villa de viana a reconheselo
me embarasei E mudei a cor de modo que
entenderão hia fogido q parese foi promisão
do seo pa Castigo de meus pecados E q permi
te Cristo q nesta vida os page E q em prizão E de
zonra aCabe q poucos serão os meus dias so a
vos meu bem E minha onra levo atravesada
q bem vos dezia q não me podia durar mto
tanto bem E gosto q tinha em vos ver E gozar