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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1607. Carta de Manuel Soares para o primo, Gaspar de Passos Figueiroa, meirinho do Eclesiástico.

ResumoO autor dá notícias e pede que o destinatário confirme certas informações.
Autor(es) Manuel Soares
Destinatário(s) Gaspar de Passos Figueiroa            
De Portugal, Porto, Moreira
Para Portugal, Coimbra
Contexto

O meirinho do Eclesiástico da comarca de Valença do Minho, Gaspar de Passos Figueiroa, foi preso por mandado do arcebispo de Braga na sequência de denúncias que punham a descoberto irregularidades no desempenho do seu ofício. Com efeito, não apenas ousou revelar vir, no ato de prisão de certos cristãos-novos, da parte do Santo Ofício, como ainda se deixou subornar ao libertá-los mediante a aceitação de uma quantia avultada ‒ "um saco de comprimento de um palmo e meio", quase cheio de algumas peças de prata.

A correspondência incorporada no processo foi voluntariamente entregue pelo próprio réu. Reflete a violação do juramento de segredo, com transmissão de detalhes acerca de certos procedimentos judiciais. O réu confidenciou pormenores sobre a sua situação perante a justiça inquisitorial, recebeu avisos, recomendações e informações cruciais acerca das testemunhas acusatórias e suas maquinações – entre as quais o abade de Sampaio, Pedro de Araújo, o abade Tristão de Castro e o vigário de Riba de Mouro.

Em sessão de 9 de novembro de 1607, Gaspar de Passos confessou ter-se correspondido com o irmão, Baltasar da Rocha, e o primo, Manuel Soares, os quais lhe tinham feito chegar umas cartas havia um mês, por intermédio de certo indivíduo de Valença, quando, à data, já estava preso na cadeia pública da cidade de Braga. Confessou que ainda destruiu algumas cartas, mas preservou outras que entregou ao alcaide dos cárceres inquisitoriais de Coimbra, juntamente com outros papéis, quando ali deu entrada.

Suporte uma folha de papel dobrada, escrita nas duas primeiras faces e com sobrescrito na última.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Coimbra
Cota arquivística Processo 8131
Fólios 115r-116v
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Ana Leitão
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Page 119r > 119v

não sei o que o tivera ho descuido de Vm de ha tamtos dias nos não escrever parese que não sente a pena e do desgosto que nos temos porque depois que veio ja com o soares ate esta hora não tevemos novas nenhũas de Vm salvo onte vimte e dous de oiitubro que me derão hũas de forte pouquo gosto se asi são ho que deõs não primita em que escreveo frade da ordem de san framciisquo que esta nesa sidade que he natural de caminha filho de manoel llovo escreveo cartas por esta tera disemdo que saira a semtemsa de Vm degradado pra sempre pra a amgolla e ho hofisio perdido e que vira ir a Vm em hũa besta d albarda hũs grelhois nos pes outros nalfeitores pra llisboa pra embarquar tanto que ouvi estas novas quedei sen corasão e mais morto que vivo e não me pude equiiatar ate não mandarmos este portador pra que ba e venha brevidade pra nos tirar desta sospeita aimda que por outra parte não ho creiio porque se iso fora não tenho a Vm por tam descuidado e aho sor meu primo alvro soares que nos não avisarão por a posta ja tenho escrito a Vm que a emformasão que fes ho abade que hia como nos queriamos salvo se no caminho se fes algũa belhaquaria nella se não foii como digo me avise e ira outro trellado mais cuido que se não fa



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