Resumo | O autor dá notícias suas e relata vários factos entretanto sucedidos. |
Autor(es) |
Simão de Fontes
|
Destinatário(s) |
Maria Henriques
|
De |
Portugal, Lisboa |
Para |
Madrid |
Contexto | António da Silveira Rosa, cristão-novo natural de Beja residente em Lisboa, preparava-se para se juntar a outros da sua nação assistentes em Castela quando foi surpreendido pelo juiz de fora daquela cidade, o qual achou em seu poder um volumoso conjunto de cartas, redigidas por dois mercadores de Lisboa – um dos quais sogro de António. Além de as referências espaciais e temporais serem comuns, as 13 cartas anexadas ao seu processo partilham ainda o facto de serem maioritariamente dirigidas a familiares. O seu intuito consistia em preparar a fuga, antes do Natal daquele ano, por Barcelona ou Catalunha, rumo a França. A prisão do portador comprometeu este plano e levou aquela autoridade judicial a encaminhar tão comprometedora correspondência ao cuidado da Inquisição de Évora, e assim revelar não apenas a culpa do réu – directamente implicado no conteúdo das cartas -, mas toda uma rede de cristãos-novos. |
Suporte
| uma folha dobrada de papel de carta escrita em todas as faces. |
Arquivo
| Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository
| Tribunal do Santo Ofício |
Fundo
| Inquisição de Évora |
Cota arquivística
| Processo 8768 |
Fólios
| 18r-19v |
Socio-Historical Keywords
| Ana Leitão |
Transcrição
| Ana Leitão |
Revisão principal
| Raïssa Gillier |
Contextualização
| Ana Leitão |
Modernização
| Raïssa Gillier |
Anotação POS
| Raïssa Gillier |
Data da transcrição | 2015 |
lisboa 25 de 9bro 630
prima Ma anriques
seja noso Snor mtas vezes louvado q tanta merses ma ha feito en ser ser
vido de vos levar em pas a esa corte q tam atromendtado andava por
ter huma carta vosa e logo neste correo pelo esperar com mais cudado
me deu este tromento de vir ao domingo de madrugada sendo sja par
tido ordinario a q não pude responder mas fiqo contentimo en saber
tendes saude a qual noso snor vos de com a vida q vos dezejo en minha
companhia de de meu filhos e todos os meos tartarvos de iminhas sa
udades sam pa quendo noso snor for servido de me levar en pas q farei
mto por partir antes do natal deus qerendo com a mais presa q puder
asim não peso mais q a deus me ajonte en vosa conpanhira e de todos
os meos q ele sera servido de sedo nos vermos Em pas.
pareseme q todas as vezes q vos escrever escrevirei novidades desta
tera q não faltão q de prezente vam Muntas prizois no rosio pelo
pecado e Anto da silveira sera o portador desta q se vai temerozo de
hũ grande amigo seu q ontem 24 Recoherão pelo pecado deus nos
tenha Da sua santa mão q não nos desenpare de sua grasa-
a meu primo franco soares q estou mto agardesido pelo q vos fes e fas e a meus
fihos e q asim a minha detensa me não da cudado nesa sorte pois ele
fes como bom amigo e irmão q na mesma confromidade pagarei aos seus com
tanto amor e mais se se pode dizer e a meu tio e tia e primos e a todos os
mais agardeso mto a boa conpanhia de meos fihos-
vejo a carrestia de esa corte q realmte a sinto tanto por não poder ser
o caminho de sorte q todas as somanas vos provera ate com o pan amasado
e tudo o q vos fora nesesario e me pezar de ser ido mel frz q com ele vos
overa de mandar seqer 2 cantaros de azeite pa en mentes hi estão
e tanbei qiria fazer consoada mas não tenho almocreve q a leve q
simão Roiz he ja partido mas o pro q vira a levara e bisqoto e tudo
o q puder levar huma canatra e se o custo não fora tanto crede q ate
carga de carvão overa de ir q sei me dizen fazen mtos frios nesa corte