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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1630. Carta de Simão de Fontes, mercador, para Maria Henriques, sua mulher.

ResumoO autor dá notícias suas e relata vários factos entretanto sucedidos.
Autor(es) Simão de Fontes
Destinatário(s) Maria Henriques            
De Portugal, Lisboa
Para Madrid
Contexto

António da Silveira Rosa, cristão-novo natural de Beja residente em Lisboa, preparava-se para se juntar a outros da sua nação assistentes em Castela quando foi surpreendido pelo juiz de fora daquela cidade, o qual achou em seu poder um volumoso conjunto de cartas, redigidas por dois mercadores de Lisboa – um dos quais sogro de António. Além de as referências espaciais e temporais serem comuns, as 13 cartas anexadas ao seu processo partilham ainda o facto de serem maioritariamente dirigidas a familiares. O seu intuito consistia em preparar a fuga, antes do Natal daquele ano, por Barcelona ou Catalunha, rumo a França.

A prisão do portador comprometeu este plano e levou aquela autoridade judicial a encaminhar tão comprometedora correspondência ao cuidado da Inquisição de Évora, e assim revelar não apenas a culpa do réu – directamente implicado no conteúdo das cartas -, mas toda uma rede de cristãos-novos.

Suporte uma folha dobrada de papel de carta escrita em todas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Évora
Cota arquivística Processo 8768
Fólios 18r-19v
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Ana Leitão
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

Page 18r > 18v

lisboa 25 de 9bro 630 prima Ma anriques

seja noso Snor mtas vezes louvado q tanta merses ma ha feito en ser servido de vos levar em pas a esa corte q tam atromendtado andava por ter huma carta vosa e logo neste correo pelo esperar com mais cudado me deu este tromento de vir ao domingo de madrugada sendo sja partido ordinario a q não pude responder mas fiqo contentimo en saber tendes saude a qual noso snor vos de com a vida q vos dezejo en minha companhia de de meu filhos e todos os meos tartarvos de iminhas saudades sam pa quendo noso snor for servido de me levar en pas q farei mto por partir antes do natal deus qerendo com a mais presa q puder asim não peso mais q a deus me ajonte en vosa conpanhira e de todos os meos q ele sera servido de sedo nos vermos Em pas.

pareseme q todas as vezes q vos escrever escrevirei novidades desta tera q não faltão q de prezente vam Muntas prizois no rosio pelo pecado e Anto da silveira sera o portador desta q se vai temerozo de grande amigo seu q ontem 24 Recoherão pelo pecado deus nos tenha Da sua santa mão q não nos desenpare de sua grasa-

a meu primo franco soares q estou mto agardesido pelo q vos fes e fas e a meus fihos e q asim a minha detensa me não da cudado nesa sorte pois ele fes como bom amigo e irmão q na mesma confromidade pagarei aos seus com tanto amor e mais se se pode dizer e a meu tio e tia e primos e a todos os mais agardeso mto a boa conpanhia de meos fihos-

vejo a carrestia de esa corte q realmte a sinto tanto por não poder ser o caminho de sorte q todas as somanas vos provera ate com o pan amasado e tudo o q vos fora nesesario e me pezar de ser ido mel frz q com ele vos overa de mandar seqer 2 cantaros de azeite pa en mentes hi estão e tanbei qiria fazer consoada mas não tenho almocreve q a leve q simão Roiz he ja partido mas o pro q vira a levara e bisqoto e tudo o q puder levar huma canatra e se o custo não fora tanto crede q ate carga de carvão overa de ir q sei me dizen fazen mtos frios nesa corte



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