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Maarten Janssen, 2014-

Representação em facsímile

1780-1789. Bilhete de Miguel Inácio dos Santos Freire Bruce, advogado, para o seu pai, José dos Santos Freire, advogado.

ResumoO autor alerta o pai para o facto de o marido de Quitéria Francisca Sebastiana ter vendido bens desta.
Autor(es) Miguel Inácio dos Santos Freire Bruce
Destinatário(s) José dos Santos Freire            
De S.l.
Para América, Brasil, Maranhão, São Luís
Contexto

O presente processo diz respeito a uma causa de divórcio entre D. Quitéria Francisca Sebastiana e Sérgio Justiniano da Silva. Ao enviuvar do capitão Inácio José Gomes de Sousa, D. Quitéria, mãe de dois filhos, tornara-se um bom partido por causa dos bens que lhe ficaram: um engenho real de açúcar, 50 escravos, muito gado bovino e cavalar. Celebrou as bodas com Sérgio Justiniano da Silva a 7 de maio de 1782 ‒ "com alegria e gosto geral da mãe, parentes e convidados, havendo muitos comes, e bebes, danças e outros divertimentos próprios do lugar e ocasião" (caderno 1, apenso n.º 1, fl. 2r). No entanto, a 27 de outubro de 1783, já um religioso do convento do Carmo do Maranhão atestava a conflituosidade daquele agregado. O litígio decorreu entre 1784-1785 no juízo Eclesiástico do Estado do Maranhão e subiu por apelação ao Tribunal da Junta da Real Coroa de São Luís do Maranhão e, seguidamente, à Casa da Suplicação (Lisboa). Quitéria Francisca Sebastiana começou por acusar o marido de sevícias, razão pela qual se ausentou, na companhia da mãe, para a cidade de São Luís do Maranhão. Não saindo a sentença a seu favor, Quitéria lançou um libelo de nulidade do matrimónio e acabaria por se ver confinada ao recolhimento do Maranhão. Por seu turno, Sérgio Justiniano da Silva, homem oriundo de Portugal e tenente da cavalaria auxiliar, acusou a mulher de mau comportamento, pois ousava sair de noite sem ser acompanhada pelo marido, indo em canoas pelo rio com a desculpa de ir à pesca, ou saindo a cavalo. Deslocava-se assim para lugares ermos, em companhia ora de um índio, ora de um primo. Sobre isto, Quitéria alegara que o marido arranjara testemunhas para macular o seu crédito, além de se aproveitar da situação para se apossar dos seus bens e os vender. À vista de todos estes desenvolvimentos, Miguel Inácio dos Santos Freire Bruce, filho do também advogado José dos Santos Freire, assistente em São Luís do Maranhão e procurador de Quitéria Francisca Sebastiana no presente litígio, foi determinante para que as diligências pudessem correr em favor dela. Miguel Inácio dos Santos Freire Bruce deslocara-se à zona do rio Mearim, muito provavelmente com a missão de colher informações para o seu pai. Conseguiu reunir cartas particulares (PSCR1649 e PSCR1650) em que um outro amigo da família, Manuel da Penha do Rosário de Nazaré, avisava a mãe de Quitéria e lhe expunha os estratagemas de Sérgio. São vários os documentos apensos ao processo nas suas diversas fases, entre os quais se contam, além de cartas particulares, relações de bens e de escravos (de um engenho de açúcar no Mearim e da Fazenda de Santa Ana), certidões e extensos requerimentos de ambas as partes. As cartas particulares constituíram a base da queixa apresentada pela suplicante Quitéria Francisca Sebastiana.

O presente bilhete (fl. 48r), com a mesma letra do fólio 47r (PSCR1648), surge depois deste, parecendo constituir um escrito posterior a fim de reiterar o pedido expresso na carta PSCR1648 e introduzir mais detalhes sobre o caso. Constitui, ainda, uma alusão direta aos escritos de frei Manuel da Penha do Rosário de Nazaré (PSCR1649 e PSCR1650).

Suporte meia de folha de papel não dobrada escrita no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Diversos, Documentos referentes ao Brasil
Cota arquivística Maço 3, nº 3, [caderno 3]
Fólios 48r
Socio-Historical Keywords Ana Leitão
Transcrição Ana Leitão
Revisão principal Catarina Carvalheiro
Contextualização Ana Leitão
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2014

Page 48r

O Sergio vendeo o Canavial e Rossas como vmce verá da Carta do Pe Elle vai pa a Cide com tudo. Era bom Requerer a S Excia q não consinta elle levar nada sem na Cide dar as fianças q se tem Requerido, o melhor era obrigallo a Repôr tudo no mesmo lugar podendo ser.



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