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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | O autor, preso, pede ao destinatário que o ajude a repor a verdade no caso do seu primeiro casamento. |
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Autor(es) | João Pereira da Rocha Paris |
Destinatário(s) | António José do Santo Teodoreto |
De | navio a caminho de Lisboa |
Para | Minho, Viana do Cstelo, Monserrate |
Contexto | Este processo diz respeito a João Pereira da Rocha Paris, cristão-velho, capitão e, posteriormente, mineiro e homem de negócios, de 52 anos de idade, natural de Viana do Castelo e morador no Brasil, no Maranhão (Roça dos Perizes). Filho de Damião Pereira da Rocha Paris (também capitão e cavaleiro do hábito de Cristo) e de Feliciana de Passos, o réu foi acusado de bigamia por se ter casado uma segunda vez com Gerarda Pereira de Abreu, com quem estava há três meses, estando ainda viva a sua primeira mulher, Maria Luísa da Silva, com quem viveu por oito anos e de quem teve três filhos (Bernardo Pereira da Rocha Paris, Bento Pereira da Rocha Paris e Clara Rosa). João Pereira da Rocha Paris foi denunciado pelo padre António Luís Coutinho, promotor fiscal da Justiça Eclesiástica do bispado de São Luís do Maranhão. O réu teria deixado a primeira mulher havia 22 anos quando partiu para o Brasil para ir trabalhar nas Minas no Rio de São Francisco do Pará. Depois foi para a vila de Icatú onde se disse viúvo, tendo arranjado testemunhas para provar o seu desimpedimento e assim tornar a casar-se. No seu depoimento, o réu alegou que recebera uma carta de Bento Vás da Silva (pai de Maria Luísa da Silva), em que este lhe dizia que a sua primeira mulher estava morta, mas que não podia apresentá-la porque a tinha rasgado logo. Disse ainda que nunca se tinha chegado a casar realmente com a primeira mulher porque esta, antes de se amancebar com ele, tinha tido cópula carnal com um irmão seu, e que só tinham feito uma cerimónia íntima na igreja sem a presença do padre, daí todos julgarem que eram casados. Luís Pereira da Rocha Paris, irmão do réu, confirmou a versão deste e confessou ter tido relações sexuais com a cunhada antes de esta se casar com o irmão, acrescentando ainda que os dois chegaram a puxar de suas armas pouco antes do casamento por o irmão ter descoberto o sucedido. No entanto, este casou-se do mesmo modo, sem que o irmão pudesse levantar impedimento. Maria Luísa da Silva disse que o marido já não lhe escrevia há mais de dez anos, mas que tinha recebido cartas suas dirigidas ao seu filho Bernardo em que ele falava da sua viuvez. Mas negou que tivesse tido cópula carnal com o cunhado; teria anteriormente confessado isso mesmo, mas por julgar que isso traria o seu marido para junto de si. As cartas apresentadas à Mesa serviram de prova da bigamia do réu. Depois de preso a 20 de fevereiro de 1744, foi sentenciado em auto-da-fé de 21 de junho de 1744 a abjuração de leve, degredo por sete anos para a Praça de Mazagão, penitências espirituais e pagamento de custas. |
Suporte | meia folha de papel não dobrada escrita apenas no rosto. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Fundo | Inquisição de Lisboa |
Cota arquivística | Processo 6841 |
Fólios | 47r |
Online Facsimile | http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2306902 |
Transcrição | Leonor Tavares |
Revisão principal | Raïssa Gillier |
Contextualização | Leonor Tavares |
Modernização | Raïssa Gillier |
Data da transcrição | 2015 |
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