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Maarten Janssen, 2014-

PSCR0301

1693. Carta de Pedro Cruz e Azevedo para a sua afilhada, Páscoa Vieira, escrava forra.

ResumoO autor diz à afilhada que vai enviar umas testemunhas para a ajudarem a provar que era solteira.
Autor(es) Pedro Cruz e Azevedo
Destinatário(s) Páscoa Vieira            
De Angola, Massagano
Para Portugal, Lisboa
Contexto

Este processo diz respeito a Páscoa Vieira, escrava forra de Domingas Carvalho e de Pascoal de Mota Teles, de 40 anos de idade, natural de Massagano (Angola) e moradora na Baía de Todos-os-Santos (Brasil). Filha dos escravos Manuel e Lucrécia Carvalho, a ré foi casada com Aleixo Carvalho (sapateiro com quem teve dois filhos que faleceram, escravo de de Pascoal da Mota Teles, de 45 anos de idade) e depois tornou a casar com Pedro Arda (escravo de Francisco Álvares Távora) estando ainda vivo o seu primeiro marido em Angola, sendo por isso acusada de bigamia. A denuncia foi feita por Francisco Álvares Távora, tabelião público na cidade da Baía, o qual diz ter sido informado por um primo seu, Luís Álvares Távora e pelo capitão António Machado de Brito, que chegando ambos de Angola disseram saber que a dita escrava era casada em Luanda com outro escravo que ainda estava vivo. Ao saber disto o denunciante disse ter separado logo o casal e ter vendido o seu escravo, Pedro Arda a Fernando de Goes Barros, provisor. Em seu depoimento, a ré diz ter casado segunda vez por andar mal encaminhada com um filho do seu dono. As cartas inclusas no processo foram entregues pelo escravo Pedro Arda, segundo marido da ré, como provas juntas à sua petição contra a mesma. A ré foi presa a 11 de novembro de 1700 e em auto-da-fé de 22 de dezembro de 1700 foi condenada a abjuração de leve, cárcere a arbítrio dos inquisidores, degredo por três anos para Castro Marim, penas e penitências espirituais e pagamento das custas. A 20 de março de 1703 obteve o perdão do degredo em falta.

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita apenas no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 10026
Fólios 104r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2310184
Transcrição Leonor Tavares
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

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minha afilhada

Vossa may me veyo a caza e me disse que vos heras cazada nessa terra e mais que não fazias nada com vosso marido por se dizer o vosso senhor que heras cazada nesta tera De angolla sendo tudo huã falcidade asin que ben podeis dizer a vosso senhor e o mostrar esta que vos pode deyxar viver com vosso marido asim como manda a santa madre Igreja que asim afirro aVer no salvador de que passa tudo na verdade em como coando voste desta terra heras solteira e estais mto bem cazada nosso senhor vos ajude e vos comserve en seu estado eu vos emvio minha bencão e a de deos q vos cubra hy vay vossa sobrinha a sra franca Carvalha da matta com seu marido que sam boas testas pera vosso abono vos não mando nada por não teer de prezte e ser a viage apresada do q me alembrarey avendo oCauzião Ds vos gde masango 28 de mayo de 693 vosso Padrinho

O Pedro Cruz e Azevedo

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