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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | António Lourenço manifesta todo o seu apoio ao tio, na condenação dos padres que assassinaram o primo. |
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Autor(es) | António José Lourenço |
Destinatário(s) | José Fernandes |
De | Portugal, Guarda, Seia |
Para | Portugal, Guarda, Seixo do Ervedal |
Contexto | José Fernandes e a sua mulher, Angélica da Costa, instituíram um processo contra Bernardo António Pereira da Silva Bravo e António Bernardo Pereira da Silva Bravo, irmãos, padres na vila do Seixo do Ervedal, acusando-os da morte do filho, Bernardo Fernandes. Do dia 26 para 27 de Setembro de 1820, por volta da meia-noite, ia Bernardo Fernandes pela rua a caminho de casa, no sítio da Fonte Nova, quando chegaram, de caso pensado, os ditos padres e lhe deram várias pancadas até à morte. O irmão do falecido, Bento Fernandes, que testemunhou o acontecido, queixou-se ao juiz e pediu um cirurgião (José António de Figueiredo) para fazer uma autópsia. José Pires de Moura, também cirurgião, ajudou a fazer o exame e ambos declararam que o morto tinha levado uma pancada sobre o escroto e testículos, o que terá sido a causa da morte. Tal golpe foi desferido com um instrumento contundente, como a biqueira da bota ou do sapato. Tinha ainda uma grande nódoa negra e contusão na nádega esquerda, outra no quadril, na face e na perna, onde lhe desferiram dois golpes com pau, pedra ou punho fechado. Consta ainda do processo que, no momento da autópsia, o morto deitou muito sangue pela boca. Dizem as testemunhas que os réus, depois que o mataram, arrastaram o corpo para junto da porta de um quintal, mas não tiveram tempo de o enterrar porque o irmão do morto e um rapaz amigo gritaram por socorro, assim que deram com a façanha. Os réus fugiram da terra e levaram os seus pertences, mas ainda foram vistos por pessoas que saíram de casa, tal era a confusão. Razão do assassinato: ou a vítima era parecida com um criado dos padres, que andara envolvido com uma irmã deles, ou estava de casamento marcado com uma moça que os padres queriam desonrar. Para se defenderem, os padres acusavam o rapaz de ser um vadio, libertino, arrogante, espancador e que se envolvera já com um tal Bernardo Ferreiro, pelo que acusam este de autor do crime. Acrescentam que todas as testemunhas são seus inimigos por serem ricos e, por isso, acusam-nos. Apesar de ser sabido de todos que o padre Bernardo António fumava enquanto celebrava missas, prova da sua má conduta, dizem aqueles que o defendiam que mantinha uma boa relação com a família da vítima e que esta, inclusive, já lhe prestara serviços, não havendo motivo para tamanho crime. Foram condenados a uma pena pecuniária de um conto e duzentos mil réis, que deviam pagar aos pais da vítima, duzentos mil réis para despesas da Relação, duzentos mil para esmolas de missas pela alma do defunto e dez anos de degredo para Angola. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Casa da Suplicação |
Fundo | Feitos Findos, Processos-Crime |
Cota arquivística | Letra J, Maço 26, Número 12, Caixa 81, Caderno [1] |
Fólios | 262r |
Transcrição | Leonor Tavares |
Revisão principal | Rita Marquilhas |
Contextualização | Leonor Tavares |
Modernização | Sandra Antunes |
Data da transcrição | 2007 |
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