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Maarten Janssen, 2014-

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1742. Carta de Rosária Maria de Lima para João da Rocha, oficial de tanoeiro.

ResumoA autora escreve a um amigo a pedir informações sobre o paradeiro do marido que pensa ter morrido afogado durante uma viagem.
Autor(es) Rosária Maria de Lima
Destinatário(s) João da Rocha            
De Portugal, Porto, Maia, Santa Maria de Avioso
Para Brasil, Rio de Janeiro
Contexto

Este processo diz respeito a Matias Ferreira de Lima, cirurgião, cristão-velho de 36 anos de idade, filho de Caetano António (oficial de salteiro) e de Maria Ferreira, acusado de bigamia. Natural de São Romão de Vermoim (Porto) e morador em Minas de Jeruoca (Rio de Janeiro, Brasil), o réu era casado com Rosária Maria de Lima (autora da carta PSCR0553), de quem teve quatro filhos em oito anos. Sendo ainda viva a primeira mulher, tornou a casar com Luzia de Jesus, filha de Ana Lopes de Carvalho (autora da carta PSCR0554) e enteada de António Teixeira Barbosa; viveu com ela três anos No Brasil o réu usava o nome de João Gonçalves da Costa Nogueira, alegando ter mudado de nome por ter cometido um delito em São Paulo e julgar que as autoridades o procuravam. A sua bigamia foi denunciada por Caetano Pereira de Lemos, alfaiate, natural e morador do Porto, o qual viu chegar num navio a carta da primeira mulher. O delator sabia também por ouvir dizer a algumas testemunhas que o réu se tinha casado em Minas do Rio das Mortes no Brasil. Na sua confissão, Matias Ferreira de Lima disse ter-se ausentado para o Brasil por ter contraído dívidas e ter tido de fugir dos seus credores, que queriam a sua prisão ou morte. Julgou que poderia fazer fortuna no Brasil, ao mesmo tempo que se livrava dos seus algozes. Oito meses após o segundo casamento, foi mandado prender uma primeira vez por um vigário que tinha descoberto a sua bigamia. Mas conseguiu fugir da prisão e esteve algum tempo a monte. Em Serro Frio voltou a ser preso por ordem do vigário do Rio de Janeiro, sendo depois remetido para a cadeia em Lisboa. Em auto-da-fé de 24 de setembro de 1747, o réu foi condenado a abjuração de leve, a ser açoitado publicamente, a degredo para as galés por cinco anos, instrução na fé católica, penitências espirituais e pagamento de custas. Consta ainda do processo que após o degredo para as Galés, Rosária Maria de Lima foi ter com o marido, deixando os quatro filhos menores desamparados, e passou a sustentá-lo com as esmolas que pedia. O réu ficou muito doente e a sua primeira mulher pediu à Inquisição que o libertasse da penitência de degredo para que ambos pudessem voltar para casa e cuidar dos filhos. O réu foi então enviado para degredo no Porto para ficar mais perto da família.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita nas duas primeiras faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 8110
Fólios 8r-v
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2308213
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2015

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