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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | A autora dirige-se ao cura da freguesia de Nossa Senhora do Monte da Caparica denunciando uma mulher que tinha falsificado a sua gravidez e rebatizado uma criança para enganar o seu amante e a família. |
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Autor(es) | Maria da Conceição |
Destinatário(s) | Francisco António da Silva |
De | Portugal, Lisboa |
Para | Setúbal, Almada, freguesia de Nossa Senhora do Monte da Caparica |
Contexto | A ré deste processo é Maria da Conceição, parteira, de 50 anos, natural de Arcos e moradora em Lisboa, presa pela Inquisição em Junho de 1771 por cumplicidade em heresia, ao mandar rebatizar uma criança. Maria da Conceição fora denunciada à Inquisição, em Abril desse ano, por uma vizinha que soubera que o filho e a nora da parteira tinham ido, sob nomes falsos, buscar um menino ao Hospital Real e que este tinha sido baptizado segunda vez, passando por filho de uma amiga, Francisca Joaquina, moradora na Costa da Caparica. A criança foi retirada a Francisca Joaquina e esta, indo à mesa da Inquisição, culpou a parteira de a ter enganado, pois não soubera que o menino já era baptizado. Maria da Conceição escreveu, então, a carta presentemente transcrita a Francisco António da Silva, cura da freguesia de Nossa Senhora do Monte da Caparica, local onde a criança fora baptizada novamente, denunciando a situação. De acordo com a missiva que o cura remeteu à Inquisição juntamente com uma carta sua, Francisca Joaquina, casada com José da Silva, estava envolvida ilicitamente com um pescador, João do Remualdo, também casado. Os dois já tinham sido repreendidos pelo cura, que os mandara afastarem-se um do outro, pois a mulher de João do Remualdo queixara-se-lhe várias vezes e a situação causava rumores e escândalo. Francisca Joaquina resolveu, então, fingir-se grávida. Para enganar o amante e extorquir-lhe dinheiro, disse-lhe que o bebé era dele. Para enganar o pároco, o marido e a família, disse que ia fazer de João do Remualdo padrinho da criança, de modo a que cessassem os rumores de que os dois estavam envolvidos. Francisca Joaquina foi a Lisboa, pouco antes do Natal, e pediu ajuda a Maria da Conceição, que fora sua parteira quando estivera realmente grávida, contando-lhe o seu plano. Ao princípio, Maria da Conceição não quis tomar parte no dolo, mas acabou por ser persuadida. Combinaram então que, quando o bebé estivesse para nascer, Francisca Joaquina viria a Lisboa, para umas casas que alugara, simular o parto, e então a parteira arranjaria uma criança abandonada e acabada de nascer para se fazer passar pelo seu filho. Assim foi, e a 17 de Fevereiro de 1771, Maria da Conceição mandou o seu filho, Francisco José, com a mulher, Teresa Joaquina de Jesus, fazendo-se passar por outras pessoas, buscar ao Hospital Real um menino já baptizado chamado José. Simulou-se o parto e a criança foi levada para a Caparica, onde foi novamente baptizada com o nome João, e como filho de José da Silva e de Francisca Joaquina, tomando João de Remualdo por padrinho e uma filha deste por madrinha. No entanto, descobriu-se no Hospital Real que a criança fora rebatizada e esta foi tirada à nova família. Quando soube que ia ser presa, Francisca Joaquina fugiu com o marido para Beja, onde acabou por ser capturada pela Inquisição de Évora. Maria da Conceição alegou ter sido induzida a cometer este delito e confessou o seu papel nele. Por isso foi condenada a abjuração de leve, degredo de 4 anos para Miranda, penitências espirituais e pagamento de custas. |
Suporte | uma folha de papel escrita em ambas as faces. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Fundo | Inquisição de Lisboa |
Cota arquivística | Processo 721 |
Fólios | 9rv |
Online Facsimile | http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2300601 |
Transcrição | Maria Teresa Oliveira |
Revisão principal | Raïssa Gillier |
Contextualização | Maria Teresa Oliveira |
Modernização | Raïssa Gillier |
Anotação POS | Raïssa Gillier |
Data da transcrição | 2016 |
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