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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1692. Cópia de carta de António Gonçalves do Sacramento, padre, para Simão da Gama, bispo do Algarve.

Autor(es)

António Gonçalves do Sacramento      

Destinatário(s)

Simão da Gama                        

Resumo

O autor escreve a um amigo a pedir que este apresente a sua carta no Santo Ofício.
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[1]
referidas porq tambem padeci como ellas, antes cuido q mto mays do q ellas: mays do q
[2]
a pra porq a pra padeceo pouco, como disse, e eu padeci mto como logo direy: padeci mays
[3]
do q a segunda, porq a segunda se padeceo mto eu padecí dobrado, porq padeci as suas pe-
[4]
nas, e mays as minhas, porq assim o deve fazer em hum cazo destas qm não de todo
[5]
mentecapto. Padecí mays do q ellas, porq a pra ainda q tarde, foy ouvida; a se-
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gunda ainda q mál, foy ouvida, e eu nem tarde nem mál fuy ouvido, mas nun-
[7]
ca q peor q tarde e mál. Mays do q ellas, porq a pra pedia vista das duas cha-
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madas culpas, e a segunda, parece q lha déram sem a pedir, e eu nem madéram nem
[9]
a pedí: e assim ellas padeceram fallando e vendo pa poderem ter ao menos a con-
[10]
solação de dárem a sua defeza como gentes e eu padecí sem fallar, e sem ver pa q
[11]
como se não fosse gente nem essa consolação tivesse fazendo.me niste meu Pay,
[12]
sendo qm o q não féz hum Balaam sendo qm éra, á sua jumta E sem embo
[13]
do q Ds me deu valor pa padecer tudo isto, não duvido, q á emitação das duas innocen-
[14]
tes referidas, terey tambem algumas matereas em q não queyra, ou não possa se-
[15]
guir o caminho, por onde me quizerem levar. Porem nesta materea, em q vM.
[16]
me fáz mce de me fallar, sem embo de q eu parece q poderia dizer, q bastâva não
[17]
me darem a vista, q tenho dito e q parece mto quererem tirar-me tambem a vis-
[18]
ta q Ds me deu, não digo tál, pouco faço eu em estár polo q vM. me díz, antes que
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ro suppor mto mays. Supponho com effeyto, q nenhũa carta minha tem chegado
[20]
ao Sto Offo porem como eu as escreví, por entender q assim convinha á minha cons-
[21]
ciencia afim de q fossem parár, visto q não tem ido, como supponho, me nes-
[22]
sessareo novamte escrever huã carta (e ésta tambem como as outras pa q a leya pro
[23]
terceyra pessoa pa justificar a minha cauza) em q dey noticia no Sto Offo assim das
[24]
ditas cartas como do q se contem nellas, e pedir á dita terceyra pessoa, q a entregue
[25]
no Sto Offo e q depoys q a entregar me avize q a entregou pa eu ficar quieto, e assim o
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faço nesta a vM.

[27]

Primeyramte escreví duas a sra D Ma Pimta da Sylva, depoys dellas; duas ao

[28]
sor dom João da Sylva; duas ao sor Jaquez da Costa, assaber huã pa q me fizesse mce
[29]
de a mostrar a sua Magde q Ds gde e depoys de lha mostar a meter no Sto Offo e a ou-
[30]
tra, em q lhe pedia, q me fizesse este favor; duas a vM.; huã ao Rdo Sor João de Agui
[31]
ar Ribo e agóra ésta a vM. q fazem déz. O q néllas se contem, alem do q digo nes-
[32]
ta, entre o q decha, e o q dou a entender, rezumindo a breves palavras, vem a ser:
[33]
que o caminho, q se tomou em se dizer, q as matereas q se contem na sentença de
[34]
Inez da Conceyção nem sam de Ds nem do diabo, mas fingidas por ella mesma,
[35]
hum porto sm saída, e q nenhum remedio nelle mays conveniente,
[36]
do q o de tornar atráz desfazendo, e desdizendo publicamte como convem a tempo con
[37]
veniente tudo aquillo, q publicamte se fez, e disse contra o q convinha. E q todas,
[38]
e quaysquer pessoas, q fóram desse parecer (não fallo contra o mto illustre, e Sto Tri-
[39]
bunal do Sto Offo antes o ponho como devo sobre a minha cabeça) mas contra
[40]
as ditas pessoas (tambem me não meto com as letras, nem com as virtudes destas)
[41]
e digo, q as ditas pessoas no particular dos ditos pareceres q déram, ou não entendérão

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