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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1685. Carta de Gaspar Álvares Gramacho, mercador, para o padre António Coelho, tesoureiro da igreja de Santa Maria de Lagos.

ResumoO autor explica ao destinatário, seu amigo, por que foi delator quando esteve preso pela Inquisição. Encomenda-lhe também a remessa de certidões de nascimento e de casamento.
Autor(es) Gaspar Álvares Gramacho
Destinatário(s) António Coelho            
De França, Bordéus
Para Portugal, Lagos
Contexto

O réu deste processo é Gaspar Álvares Gramacho, acusado por crimes de judaísmo e preso de 16/02/1683 a 24/01/1685. A ele e a outros cinco seus familiares (dois irmãos e três primos) acusou Gaspar da Costa Mesquita, marido da tia de todos eles, dizendo que, quando certo dia estavam todos juntos, os seis afirmaram que seguiam a lei de Moisés para salvação das suas almas e que rezavam salmos de David sem Gloria Patri. Os interrogados acusaram Gaspar Gramacho de seguir as leis de Moisés, pelo que o réu foi sentenciado em 24 de janeiro de 1685 a cinco anos de degredo no Brasil, a regras rígidas de oração e louvor a Deus e ao uso do hábito penitencial perpétuo. Aparentemente, fugiu para a Holanda e depois para França, de onde escreveu à Inquisição para retirar testemunhos falsos que teria prestado durante a sua prisão. Termina o processo com o juramento de Mariana da Silva, antiga criada de Gaspar Gramacho, comprometendo-se a entregar à Inquisição, sem a abrir, toda a correspondência que recebesse do acusado (daí a inclusão destas cartas no processo).

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita dos dois lados.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 2335
Fólios 225r-226v
Transcrição Mariana Gomes
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Mariana Gomes
Modernização Catarina Carvalheiro
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2010

Page 225r > 225v

[1]
Meu Amo e Snr Bordeus 25 de
[2]
junho de 685
[3]

Não posso deichar de vos escrever estas

[4]
regras pa vos dar novas minhas que
[5]
entendo as estimareis suposto que na o
[6]
pinião de mtos deça çidade sahise tido
[7]
por judeo porem os mais ben inclinados
[8]
e bem entendidos julgando sem paxão
[9]
e tendo conheçimto do modo com que os
[10]
caxorros dos inquisidores julgão aos
[11]
mizeraveis inocentes Ven no conheçimto
[12]
da Verdade suposto que elles ben a con-
[13]
heçen; mas a ignorão porque tem Amor
[14]
ao meu dro e a sua ambição, que he o cam
[15]
inho por donde mtos estão ardendo
[16]
no infermo, Vejo me direis que eu
[17]
o confeçei, porem aveis de conçiderar
[18]
que ali se perde o juizo; e hom
[19]
en em caçere fexado sem ver
[20]
sol nen lua; sentençiado a morte
[21]
tendo 4 fos que faria neste termo
[22]
qdo Christo senhor nosso qto á porção
[23]
infirior suou sangue; e temeo a mor
[24]
te Vede o que faria hũa criatura
[25]
de barro fraco; e chegando homen
[26]
a confeçar, o que não fes dis mil pra
[27]
voisses sem asertar com testo
[28]
nen lugar nen tempo e com tudo se abração, e pa mais
[29]
creres; foi Villallobos fo de Anna a confeçar, pergunta
[30]
rão lhe quem era o Deus da lei Respondeu que Moizes
[31]
diserão lhe que moizes não era Deos dise que o pe Eterno
[32]
perguntarãolhe se cria nas tres pesoas da ssma trindade
[33]
dise que sin, com outras perguntas o fizerão duvidar

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