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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1656. Carta não autógrafa de Catarina Mendes para o marido, Sebastião Rodrigues de Oliveira, licenciado preso.

ResumoA autora regozija-se com as notícias que julga ter recebido do marido, preso pela Inquisição. Dá-lhe também notícias da família.
Autor(es) Catarina Mendes
Destinatário(s) Sebastião Rodrigues de Oliveira            
De Portugal, Elvas
Para S.l.
Contexto

Segundo o depoimento feito perante a Inquisição por Manuel Leitão de Oliveira, de 12 anos, filho de Filipa Grácia, falecida, e do licenciado Sebastião Rodrigues de Oliveira, advogado, preso com os seus irmãos e tios na Inquisição de Évora, três cartas deste processo são apócrifas. Para acalmar a madrasta (e também para receber umas prometidas alvíssaras), resolveu forjar cartas do punho de seu pai, supostamente emitidas da cadeia pública de Elvas. Quase todas as mulheres da casa (a avó, a madrasta e uma tia) acreditaram, e ditaram cartas de resposta, as quais, obviamente, nunca chegaram ao destino. Toda a correspondência foi ficando na mão de Manuel Leitão, que acabou por entregá-la à Inquisição ao ser obrigado a ilibar o pai e os tios da culpa de revelar o segredo do Santo Ofício. Manuel Leitão justificou assim a sua conduta: vendo que sua madrasta estava sempre chorando, desejando saber novas de seu marido e pai dele, e prometendo muito a quem lhe desse essas novas, ele por sua ignorância lhe disse que escrevesse ela um escrito, que ele tinha por quem o mandar, e asim foram e vieram três escritos e três respostas, e eram os que ali mostrava (fls. 357v-358r).

As cartas foram inicialmente publicadas em Marquilhas, Rita (2005) "Una gran sala con la puerta abierta: cartas imaginarias desde la cárcel de la Inquisición (Portugal, siglo XVII)", Castillo Gómez, A. e V. Sierra Blas (eds.), Letras bajo sospecha. Gijón (Asturias), Ediciones TREA: 43-75.

Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros.

Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Évora, Cadernos do Promotor
Cota arquivística Livro 225
Fólios 353r
Transcrição Rita Marquilhas
Revisão principal Rita Marquilhas
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2005

Page 353r

[1]
snor Cater Ldo Sebam Roiz de olivra

grande aLivio foi pa my ouVir tão boas novas de Vm

[2]
e de seos Irmaos minha mai o festejou tanto a Carta de Vm
[3]
Como que Vira a Vm mas o que daqui espero he saber o dia
[4]
que hey de ver a Vm e a seos irmaos diante dos meos olhos
[5]
e a seos tios porque as oras me paresem mezes e os me
[6]
zes anos que ha 4 mezes que dizem que depreza hão
[7]
de Vir e ao snor Dom Verisimo sempre tenho Cudado
[8]
Nas minhas orasois de o emComendar a noso snor e a
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seo devino esperito e aos mais snores eu snor pai
[10]
festejei mto saber de Vm e minha aVo e minha
[11]
irmã Com grande Cudado de emComendar a deos a Vm
[12]
gde Ds a Vm Como pode

[13]
ellvas de Caza 26 de setenbro Caterina Mendes

Como Vm me deClara que esta numa sala mto grande senpre Vejo no sentido estav asi Ven

[14]
Do Claramte Vendo a Vms a snar Leanor Logo Leitão Lhe foy a pedir as alvisaras e darlhe
[15]
as boas novas e ella he tão DesComfiada que dise que quando o vise diante dos seos
[16]
que emtão mas daria

[17]

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