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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1819. Carta de Ana Isabel do Espírito Santo, freira, para Francisco Nicolau dos Reis, capitão de artilheiros.

ResumoA autora intercede junto do destinatário para que se compadeça de um réu que ele acusou.
Autor(es) Ana Isabel do Espírito Santo
Destinatário(s) Francisco Nicolau dos Reis            
De Portugal, Lisboa, Vialonga
Para Portugal, Lisboa, Abadia de Vialonga
Contexto

Francisco Nicolau dos Reis, morador em Vialonga, era proprietário de casas. Tinha por inquilino Tomé Clemente de Melo, a quem escreveu pedindo que pagasse a renda vencida. O inquilino não pagou o devido e ainda o terá injuriado da janela, para que toda a vizinhança ouvisse. Chamou-o "passeador, velhaco, peralvilho, maroto, desavergonhado", e disse que nada lhe devia. Francisco Nicolau pediu então que Tomé Clemente de Melo fosse preso, para se corrigir e emendar e não mais injuriar o suplicante. O réu defendeu-se alegando bons costumes, não sair de casa a não ser pela sua profissão ou para visitar o doutor Joaquim Antunes dos Santos, a quem fazia companhia por ser seu compadre e um homem velho, de mais de noventa anos. Alegou também não ser verdade que faltava com o pagamento da renda. Mostrou a carta que Francisco Nicolau dos Reis lhe tinha escrito para provar como o suplicante era provocador. Acusou o senhorio de não se responsabilizar pelas obras na casa que lhe arrendara: tinha um dia visto um pedreiro, Teotónio, a arranjar a casa do sapateiro José Melga, e disse-lhe para ir ver o telhado do seu quarto, que precisava de conserto. Contudo, o pedreiro respondeu que tinha ordem expressa para não fazer obras nas casas que o réu ocupava. José Melga tornou-se então também seu inimigo, tendo testemunhado inclusivamente a favor do senhorio de ambos. O réu acabou por abandonar a casa e ir viver para um quarto das hospedarias de um convento. Foi primeiro considerado perturbador do sossego público e mandado sair do Julgado de Vialonga. Mais tarde, a sentença foi anulada

Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra T, Maço 8, Número 24, Caixa 17, Caderno [1]
Fólios 28r-v
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Liliana Romão Teles
Anotação POS Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Data da transcrição2007

Page 28r > 28v

[1]
Snr Cappam Franco Nicolão dos Reis

Dezejo a VSa a mais perfeita saude

[2]
na compa da snra D Mariana e da sra D
[3]
Maria Carlota a qm mto me recomendo
[4]
Aqui me procura o Tome pr Valia
[5]
pa com VSa q emterceda por ele pondo
[6]
os olhos na sua pobre falimília que
[7]
fica arastada e seus pobrezinhos filhos
[8]
que lhe rogue venha a grade q ele quer
[9]
na ma prezensa deitarce ahus pes
[10]
pedindo lhe perdão que conhece o seu
[11]
máo genio he cauza de tudo e lhe
[12]
protesta não falar mais nada
[13]
por Juzus Cristo pois so VSa lhe pode va
[14]
ler e não dezejar o seu perjuizo e q
[15]
ele ja o fora buscar e VSa não lhe
[16]
quis falar, eu não tenho genio
[17]
pa ver niguem apuquentado e como
[18]
he buscar ao mesmo a qm ele deLinquio
[19]
motivo p q Vou a prezensa de VSa
[20]
a pedirlhe por sua vida e da snra D
[21]
Mariana e Snra D Maria Calrlota
[22]
se conpadessa dos atribulados com os
[23]
olhos em Jezus Cristo não fazen
[24]
do mal e se me permitir heste favor
[25]
dezejarei não so conceguir o bom
[26]
despaxo como pa eu lhe dar hua

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