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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1725. Carta de Francisco Gonçalves Machado Carrina, padre, para seu tio, Jorge Fernandes, também padre.

ResumoO autor pede ao tio que se não ofenda com ele, diz-lhe que está preso e faz-lhe chegar alguns pedidos e notícias de intrigas.
Autor(es) Francisco Gonçalves Machado Carrina
Destinatário(s) Jorge Fernandes            
De Portugal, Miranda
Para Portugal, Bragança, Argozelo
Contexto

Segundo informações do Caderno do Promotor, alguns moradores de Argozelo identificados como «gente de nação dos cristãos novos» disseram que Isabel Gamboa, moça solteira e «mulher meretriz», difamava todos os moradores com mentiras e nomes muito injuriosos, vivendo durante o dia e à noite com a porta aberta, pelo que havia pendências e discórdias entre ela e aqueles moradores. Isabel Gamboa nem seria daquele lugar e não pagava a sisa, pelo que os moradores pediram a sua expulsão ao Juiz de Fora (19/10/1730). Depois de expulsa, Isabel Gamboa começou a queixar-se dizendo que, se a queriam expulsar, era por ela não querer «ajudiar» com eles, no que foi ouvida pelo padre Francisco Gonçalves Machado Carrina, que denunciou o caso ao Santo Ofício. O comissário que se deslocou a Argozelo não concluiu nada do auto de testemunhas a que procedeu. Comentou até, na carta de 20/10/1731 que dirigiu a um Inquisidor de Coimbra (transcrição normalizada): «Na forma que VSa. me ordena, fiz esta diligência inquirindo as testemunhas nela conteúdas, com aquela exação e cuidado que a matéria pede, sem que pudesse alcançar cousa alguma mais que o deposto pelas tais testemunhas, de cuja verdade não posso fazer firme conceito. Porque as pessoas que, pela sua qualidade e limpeza de sangue, se fazem dignas de crédito não podem saber cousa alguma dos particulares da gente de nação dos cristãos novos pela grande cautela que usam, mostrando-se nas suas ações exteriores mais pios, devotos e católicos que os mesmos cristãos velhos.» (fl. 254v). A Inquisição não terá chegado a levar esta suspeita de judaísmo por diante, pelo que houve lugar à instauração de processo. Os moradores de Argozelo que Isabel Gamboa denunciara, entretanto, fizeram a sua própria exposição ao Santo Ofício e alegaram sobretudo que o padre Francisco Gonçalves Machado Carrina era «inimigo capital dos sobreditos moradores», conservando destes um ódio que o levava a maquinar as mais ardilosas artimanhas para os incriminar. Como o dito padre era «de tão má língua», chegava a insultar os moradores de «cães, perros, judeus e hebreus», como pretenderam provar pelas catorze cartas que enviaram à Inquisição e que o padre tinha trocado, anos antes, com um seu tio. A razão do conflito entre o padre e os moradores não fica nunca muito clara na documentação conservada, mas teve provavelmente a ver com o facto de o padre ter sido processado no passado sob acusação de ter engravidado uma jovem.

Dentro do fundo do Tribunal do Santo Ofício existem as coleções de Cadernos do Promotor das inquisições de Lisboa, Évora e Coimbra. O seu âmbito é principalmente o da recolha de acusações de heresia. A partir de tais acusações, o promotor do Santo Ofício decidia proceder ou não a mais diligências, no sentido de mover processos a alguns dos acusados. Denúncias, confissões, cartas de comissários e familiares e instrução de processos são algumas das tipologias documentais que se podem encontrar nestes Cadernos. Quanto ao crime nefando e à solicitação, são culpas que não estão normalmente referidas nestes livros.

Suporte meia folha de papel dobrada escrita em todas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Coimbra, Cadernos do Promotor
Cota arquivística Livro 361
Fólios [259l]r- v
Transcrição Leonor Tavares
Contextualização Leonor Tavares
Data da transcrição2008

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Meu thio he sr sempre foi de

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mais en rezão da fruta man
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dar qua hun proprio q nada
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inportava estivese la e mais tal
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Como he la he q hi lhe mando
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onze pares in mostra veijo o q
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me dis parthio manoel de o
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liveira se tiver oCazião an
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tes da feira mandeme
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dizer aos quantos partio de
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se povo q fiCo Com pena
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en rezão Do proprio q man
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dei não esteija a esperar
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porq se não partio no sabado
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fes ontem oito dias avia de espe
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rar tanbem veijo o q me dis
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dis la hese Cornudo Do bu
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fara q mente q juro V m tan somte nem
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in tal pesoa falei e so dise sobre os outro Cornudo do
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pedriCo me disera morava Com hele e inda
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isto se o falei foi por me hele dizer q leva
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ra la o trigo q de Ca mandei e q lho disera he
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le esta he a verdade e tomeo por onde quizer q
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ja o Corvo não a de ter as asas mais pretas - fique
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Certo q de quem se abraCou Commigo q num
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qua me esqueCi Como V m vera Con brevida
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de sinto morer dos lopes porq sera procurado en
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que morto pa fazer rir a jente a semente de re
[30]
polho ir la Com brevidade que sem V m mo adever
[31]
tir a tenho mandado vir de Camora Com otra q m
[32]
andou vir o governador se me poder mandar vir a fo
[33]
lhinha o faCa que qua não ten parCido nem huma
[34]
se o Cão Do oliveira partio no dia que digo Crendo Des
[35]
primeiramte sen inbargo da sua hida se o rio não
[36]
for moi turvo intendo no dia de feira estar solto an
[37]
tes de se julgar sobre o mereCimto Dos Aotos e se na

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