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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1820. Carta de Bernardo de Sá Nogueira, futuro Marquês de Sá da Bandeira, para o Coronel Bernardo Correia de Castro e Sepúlveda, membro da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino.

Autor(es)

Bernardo de Sá Nogueira      

Destinatário(s)

Bernardo Correia de Castro e Sepúlveda                        

Resumo

O autor acusa o destinatário e a Junta a que pertence de terem ordenado a sua prisão, na sequência da Martinhada, por razões opostas ao espírito do liberalismo.
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despoticos se castigão os homens pelas suas opinioens, e isto no tempo
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em que tanto se falla em liberdade em constituição. De sorte que
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quando pensâmos marchar a ser hum Povo livre nos achamos obri
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gados a não fallar, e até se pretende que sejâmos estupidamente
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da opinião do Governo !!!

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A revolução q V Exa e o coronel Cabreira principiarão, nada ate

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agora tem produzido em favor dos Portuguezes. Todo o trabalho
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de V Exas se limita ate hoje á mudança de certos homens dos
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lugares q occupavão. Nenhuma liberdade neste Reino, nem
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a pode haver emquanto a imprensa fôr escrava. Ha hum prin
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cipio reconhecido em Inglaterra e em todos os mais paizes livres:
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q pode ser culpavel o escreverem mal das particularidades, mas
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que as acçoens do Governo devem soffrer hum exame publi
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co, e q se faz hum serviço á sociedade publicando cada
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hum as suas opinioens: este principio esta bem desconhecido em
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Portugal actualmente; attação os escritores impunemente os par
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ticulares, q pr conseguinte tem mto menos segurança q no Governo
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passado, e nada he permittido dizer das acçoens do Governo; a
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ssim se prova o que digo, por ter manifestado a minha opinião,
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não sou prezo mas desterrado.

[21]

Emquanto a este acto q o Governo exerce em mim decidirá a opi

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nião publica quando se imprimir a carta que forma o meu corpo
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de delicto, ella decidirá se eu sou criminoso em apresentar a jus
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tificação da conducta do Exercito e da minha a hum Governo que
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se diz liberal, ou se este Governo obra despoticamente e por poder

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