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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1688. Carta de Luís Álvares do Vale, padre, para José Correia Pinto Serrão.

ResumoO autor aconselha o destinatário a ter o máximo cuidado com a correspondência trocada com um padre.
Autor(es) Luís Álvares do Vale
Destinatário(s) José Correia Pinto Serrão            
De Portugal, Santarém, Alcanhões
Para Azinhaga
Contexto

Este processo diz respeito ao padre Manuel de Barros, clérigo do hábito de São Pedro, filho de Manuel Francisco Barreira, natural de Soure e morador em Santarém, acusado de impedir o reto ministério do Santo Ofício. A 11 de outubro de 1688, José Correia Pinto Serrão denunciou-o à mesa da Inquisição, alegando que este tentou extorquir-lhe 150 mil réis para não fazer uma suposta denúncia que tinha em mãos. Segundo José Correia Pinto Serrão, a 1 de outubro desse mesmo ano, quando estava em sua casa em companhia do padre Luís de Granada, chegou um clérigo montado numa égua chamado Luís Álvares do Vale (cura de Alcanhões), que lhe disse ter Manuel de Barros um negócio de grande consideração para tratar com ele e que, portanto, José Correia Pinto Serrão devia escrever-lhe a marcar um encontro. Este escreveu a Manuel de Barros (PSCR0334), obtendo depois a confirmação do encontro (PSCR0333). De facto, os dois encontraram-se no convento do Vale da Figueira mas, nos seus depoimentos, contaram motivações diferentes para esse encontro. Segundo José Correia Pinto Serrão, Manuel de Barros queria extorquir-lhe aquela quantia. Segundo Manuel de Barros, assistente em casa de António Ferreira Baião (prior de São Mateus e comissário do Santo Ofício), uma criada dessa casa onde morava, chamada Domingas da Silva, disse que José Correia Pinto Serrão queria casar-se com uma enteada de Lázaro de Melo, da vila de Pombal, por ser amigo de um tio da moça. Não tendo esse casamento efeito, tentou concretizá-lo por meio dele, Manuel de Barros, daí terem marcado o encontro. O réu explicou então que apenas disse ao denunciante que não podia tratar do negócio do seu casamento por estar sem dinheiro. Sobre a suposta denúncia contra José Correia Pinto Serrão, o réu apenas disse que aquele tentou saber, durante a conversa, se havia no Santo Ofício alguma coisa contra ele, mas que, por zelo e pudor, nada lhe revelou a esse respeito, o que terá motivado a vingança de que era alvo. Luís Álvares do Vale, o outro envolvido na história e suposto cúmplice do réu, disse que não sabia de que negócio se tratava e que Manuel de Barros apenas lhe tinha dito que era sobre um casamento em Coimbra, pelo que tinha escrito a carta entregue à mesa (PSCR0338) a pedido do mesmo, para que ela não chegasse às mãos de António Ferreira Baião, prior de São Mateus. A 7 de novembro de 1688, o réu foi repreendido por faltar ao respeito com os negócios do Santo Ofício e obrigado a pagar as custas do processo.

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita apenas no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 3646
Fólios 33r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2303605
Socio-Historical Keywords Maria Teresa Oliveira
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Fernanda Pratas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Fernanda Pratas
Data da transcrição2016

Page 33r

[1]
Sor jozeph Correa

A minha preça me

[2]
fes inadvertido, q o
[3]
nego me parece de
[4]
tanta concideração q
[5]
convem uzar de toda
[6]
a cautella pello q advir
[7]
to a vmce, mde a carta do Pe
[8]
Mel de Barros a mi-
[9]
nha mão q correra
[10]
por minha conta em
[11]
tregala, e remeter a
[12]
reposta a Vmce; por
[13]
q de outra sorte, po-
[14]
de projudicar, e pa
[15]
servir a Vmce fico ser-
[16]
to. Ds gde a Vmce
[17]
Alcanhoens 1o de
[18]
8bro de 88

[19]
Criado de Vmce
[20]
O Pe Luis Alveres do Valle

[21]

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