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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1654]. Carta de Sebastião de Andrade, noviço em mosteiro, para António da Fonseca, capitão.

ResumoO autor declara o seu amor ao destinatário, pedindo muito segredo em relação ao conteúdo amoroso da carta e dando instruções quanto ao modo como poderia proceder para o ajudar a sair do convento.
Autor(es) Sebastião de Andrade
Destinatário(s) António da Fonseca            
De Brasil, Rio de Janeiro
Para Brasil, Rio de Janeiro
Contexto

Sebastião de Andrade, noviço no mosteiro do Carmo no Rio de Janeiro, veio a Lisboa a doze de setembro de 1654 para ser interrogado pela Inquisição de Lisboa. Havia sido expulso do mosteiro e mandado prender pelo seu prelado por se lhe ter apanhado um seu escrito amoroso para António da Fonseca. O portador da carta, barbeiro do mosteiro, leu o seu conteúdo e decidiu entregá-lo ao prelado. Sebastião de Andrade confessou as suas culpas à chegada a Lisboa (fl.20r), contando com pormenor o que tinha escrito a António da Fonseca e também as relações amorosas que já tinha tido com outro homem. Por ter confessado abertamente as suas culpas foi libertado em paz, sob a condição de nunca mais cometer aqueles crimes nefandos.

Suporte meia folha de papel não dobrada escrita em ambas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 7523
Fólios 3v[a]-3v[b]
Socio-Historical Keywords Mariana Gomes
Transcrição Mariana Gomes
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Ana Leitão
Modernização Raïssa Gillier
Data da transcrição2016

Page 3v[a]

[1]

meu amor da minha aLma o q Vm ha de fazer meter

[2]
o seu parente aquele padre da conpa matias da costa q fale
[3]
Com meu pai e a seos irmãos todos e se puder ser Vm peitar
[4]
o prellado, metello por terceiro prometendolhe Vm aLguma
[5]
couza dizendo q sou eu asonbro de boa vos q em eu me ven
[6]
do la fora Vm e eu seremos o q eramos
[7]
e peite Vm o prelado de
[8]
o da mulher tenho, achado q hum outro
[9]
he dos milhores gostos q ha eu ca farei com q eu me
[10]
e busquarei traça meu amor deste coração q senpre
[11]
meu coraçam tenho reprezentado a Vm nas me
[12]
ninas dos meos olhos e faça Vm o q emtender nisto
[13]
Deste seu coracam d alma em sinaes das
[14]
em sinal destas lagrimas lhe ponho a Vm
[15]
estes riscos
[16]
[17]
emfin estes riscos cam, poços pera comparar
[18]
com as lagrimas não tenho q emconmendar

[19]
Deste seu cappto deste seu amor a quem eu quero
[20]
muito
[21]
fr sebastião

o q lhe pesso a Vm he se

[22]
gredo deste escrito q a Vm
[23]
lhe emporta mais q a mim
[24]
olhe la Vm
[25]
o q fas.

[26]

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