O autor notifica a sua mulher de que foi preso em Caminha e que vai ser
levado pela Inquisição e dá-lhe instruções sobre como agir para o
ajudar.
[1] | Minha sora agora vos serão dadas as mais tris
|
---|
[2] | tes E angustiadas novas q se pode immaginar
|
---|
[3] | de que deos vos permita a mĩ E a vos dar mto grã
|
---|
[4] | de pasiensia pois foi servido q eu fose tão de
|
---|
[5] | zavinturado q não pudese escapar de não
|
---|
[6] | ser prezo dezonrado E morese tão dezespera
|
---|
[7] | do não por este pecado da ffe q nimgem me
|
---|
[8] | levou a tentar nũca no zelo de sua santa
|
---|
[9] | ffe mas sempre como vos dezia me temia
|
---|
[10] | de mto grãodes E torpes pecados q eu tinha
|
---|
[11] | feitos em mosidade de q me temia vilos pa
|
---|
[12] | gar por esta via cõ tanta angustia imfamia
|
---|
[13] | de minha onra E vosa q a vos sinto E vosa
|
---|
[14] | onra E triste sorte minha mai E sora da min
|
---|
[15] | ha alma eu fico prezo em caminha caregado
|
---|
[16] | de feros pa me levarẽm de tera em tera a enqui
|
---|
[17] | sisão que estes beis me vierão de minha ne
|
---|
[18] | gra mai E parentes E estou quazi doudo E
|
---|
[19] | sem sentido deitado no chão sẽ comer ha
|
---|
[20] | 3 dias E foi q indo cõ o negro precatorio de
|
---|
[21] | galiza a esta villa de viana a reconheselo
|
---|
[22] | me embarasei E mudei a cor de modo que
|
---|
[23] | entenderão hia fogido q parese foi promisão
|
---|
[24] | do seo pa Castigo de meus pecados E q permi
|
---|
[25] | te Cristo q nesta vida os page E q em prizão E de
|
---|
[26] | zonra aCabe q poucos serão os meus dias so a
|
---|
[27] | vos meu bem E minha onra levo atravesada
|
---|
[28] | q bem vos dezia q não me podia durar mto
|
---|
[29] | tanto bem E gosto q tinha em vos ver E gozar
|
---|