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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1724. Carta de Manuel das Onze Mil Virgens, religioso capucho, para Lepe Rodrigues Monteiro, prior de São Julião de Setúbal.

ResumoO autor confessa atos de solicitação, embora afirme que não tem a certeza deles.
Autor(es) Manuel das Onze Mil Virgens
Destinatário(s) Lepe Rodrigues Monteiro            
De Portugal, Setúbal, Convento de Brancanes
Para Portugal, Setúbal, São Julião
Contexto

Este processo diz respeito a frei Manuel das Onze Mil Virgens, cristão-velho de 32 anos de idade, acusado de solicitação. O réu era religioso capucho do Seminário de Brancanes, natural de Espinhal (Coimbra) e morador no Convento de Brancanes em Setúbal. Pediu audiência ao inquisidor João Álvares Soares para confessar as suas culpas, dizendo ter dado beijos no confessionário a uma moça solteira de nome Catarina e ter tido actos lascivos com uma mulher chamada Bernarda de França em sua casa. As cartas incluídas no processo foram escritas pelo réu após ter procurado o prior de São Julião de Setúbal, Lepe Rodrigues Monteiro, e este lhe ter recomendado que dissesse por escrito o que não estava a conseguir dizer-lhe oralmente por estar muito perturbado. O processo encontra-se incompleto.

Suporte meia folha de papel escrita apenas no rosto.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 589
Fólios 8r
Online Facsimile http://digitarq.arquivos.pt/details?id=2300463
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Raïssa Gillier
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Raïssa Gillier
Anotação POS Raïssa Gillier
Data da transcrição2016
Page 9r
[1]
[2]
J M J

Meu Sor, poderá ser q por justo juizo de

[3]
Deus, e castigo do q a Vmce confessei, e ao sto Tribu-
[4]
nal em Lxa, experimente tantas afliçoens, com q a conçien-
[5]
çia, temeroza me molesta; Deus N Sor as aseite em satisfa-
[6]
çao do mto q o tenho offendido.

[7]

Por me tirar de duvidas, e socegar o discurso,

[8]
confesso a Vmce Como Comissro do sto offo, q eu duvido se
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solicitaria aquella mer de q me accuzei a Vmce os dias passa-
[10]
dos por letra, e tambem ao sto Tribunal em Lxa pessoalmte,
[11]
se a solicitaria, digo, pa hum frade q aqui esteve algum tem-
[12]
po neste convto, e hera de certa Ordem, do qual frade ja fis
[13]
menção qdo me fui accuzar ao sto offo a Lxa, q fizerão dous
[14]
annos por 8bro, ou 9bro passado; este ditto frade sabia das
[15]
minhas maldes, e eu delle me fiava, e seria facil q eu alguã,
[16]
ou alguãs vezes, disese à da mer: queres falar a fulano, q he
[17]
mto teu amigo? ou: fulano (falando do tal frade) hé geneal homem;
[18]
ou couzas semelhantes, q podião ser solicitação; ou podia dizer
[19]
ao frade; vinde falar a fulana q he mossa amiga; ou: estando
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com elle á porta do confissionro, ou dentro delle, e tambem a mer,
[21]
diria eu: não vedes como fulana está fermoza; ou: hé mais vo-
[22]
ssa amiga do q minha + ou: diria pa a da
[23]
mer: tirai o manto
[24]
pa q este frade vos
[25]
veja: ou couza se
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melhante; ainda q
[27]
eu confesso q não
[28]
me lembra, q eu di-
[29]
sese, ou fizese cou-
[30]
za alguã a respo
[31]
de solicitar a tal
[32]
mer pa o tal fra-
[33]
de, nem pa outro,
[34]
mais q o q de mim ja
[35]
tenho confessado. eu protesto q me não lembra q nenhuã
[36]
destas couzas fizese; porem como ando vacilando no q me succedeo,
[37]
comesei a duvidar nisto; e nesta duvida o confesso a Vmce, e lhe peço
[38]
por amor de Deus o reprezente assim aos Illos Sres Inquizidores,
[39]
por q se acazo eu delinqui em alguã destas couzas, e me esqueserão,
[40]
esteja seguro com estas confissoens, e não venha algum discredito
[41]
aos meus Irmãos por amor de mim; e bem se collige q se a mim me
[42]
lembrara tudo, e com certeza, tudo disera, e sem duvida, livrava-
[43]
me de molestar a Vmce tantas vezes; a quem peço por amor de Deos me
[44]
perdoe, porem a aflição, e temor do q me póde succeder, me obri-
[45]
ga a isto; o mesmo sor gde a Vmce etca. Convto de N Sra dos Anjos
[46]
de Brancanes em 4 de Março de 1724 @

[47]
M Rdo Pe Dor e Sor Prior de S Julião
[48]
[49]
Menor Servo, e mais obrigado de Vmce
[50]
Fr Mel das Onze mil Virgens

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