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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

1832. Carta de José Plácido Barroso da Costa Machado, proprietário, para José Maria da Costa Leite Ribeiro, negociante.

ResumoO autor demonstra muita nostalgia do seu contacto com o destinatário. Pede-lhe também que lhe trate de uma falsificação de papéis.
Autor(es) José Plácido Barroso da Costa Machado
Destinatário(s) José Maria da Costa Leite Ribeiro            
De Portugal, Lisboa, Cova da Moura
Para Portugal, Lisboa, Cadeia do Limoeiro
Contexto

Maria Rosa era uma mulher de 25 anos, natural de Guimarães, que veio para Liaboa, para o Bairro do Castelo, aquando da prisão de seu irmão Manuel Gaspar (de alcunha «O Nevoeiro»), que tinha vindo para Lisboa para cumprir uma pena de degredo. Maria Rosa morava na casa da lavadeira Rosa Maria, na Cova da Moura e aí foi presa pelo comandante da Guarda, sendo-lhe apreendida uma carta. No seu depoimento, afirmou que a carta lhe tinha sido dada por um desconhecido junto à prisão da Cova da Moura, sendo esperado dela que a entregasse a um preso, José Maria da Costa Leite Ribeiro, de 21 anos, viúvo. Se voltasse com a resposta, o tal desconhecido pagar-lhe-ia 6 vinténs, o que ela aceitou fazer, visto necessitar do dinheiro. Todas as testemunhas (Maria Francisca, Rosa Maria, Manuel José de Amorim e António Joaquim) afirmaram que era frequente Maria Rosa fazer recados aos presos da Cova da Moura, o que não a impedia de ser boa rapariga.

Interrogado acerca do autor da carta, José Maria da Costa Leite Ribeiro disse suspeitar ser Francisco António da Costa Guimarães, por a letra ser semelhante. Mas a carta vinha assinada com o nome ‘José’, pelo que, depois de interrogado novamente, o réu admitiu a hipótese de ser de José Plácido Barroso da Costa Machado, preso na cadeia da Cova da Moura, com quem trocava correspondência mais frequentemente. No seu interrogatório, este último assumiu a autoria da carta, dizendo que a enviara para tratar do negócio da sua casa. Acrescentou ainda que entregara a carta a um sargento ou cabo do presídio, que, por sua vez, a entregou a uma mulher, Maria Rosa, que tinha ali um irmão preso e costumava fazer recados semelhantes para ganhar a vida.

No que respeita ao conteúdo da carta, José Plácido Machado contou uma longa história envolvendo um negociante que tinha morrido no Rio de Janeiro, um degredado que ia para Moçambique e um seu irmão que ia para o Brasil, mas os juízes, que sabiam que José Maria Ribeiro era culpado dos crimes de firmas falsas e falsificação de Notas do Banco, desconfiaram de tudo. Nada se sabe acerca das penas imputadas a cada um dos presos.

Suporte meia folha de papel dobrada, escrita nas duas faces
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Fundo Feitos Findos, Processos-Crime
Cota arquivística Letra J, Maço 9, Número 24, Caixa 20, Caderno 1?, Fólios 4?-
Fólios 71r
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Rita Marquilhas
Modernização Clara Pinto
Data da transcrição2007

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[1]
14 de Máyo de 1832
[2]
Meu Jose

Mais que tudo estimo o teu bem estar, confor

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me as circonstancias o permetem, e o mesmo apete
[4]
sso a Manna Amalia, a quem muito me recomen
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dovos; eu tambem vou paçando, porem cada ves
[6]
mais mortefecado com a cruel coudade, cada ves
[7]
mais me recordo da nossa amizade, e quanto nos es
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timamos, cuja falta he por algum tempo inrepa
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ravel, eu ponho cilencio neste obgeto; rogote
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me faças sabedor dos teus disgostos respeito a carta do
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Porto isto mesmo to pedia na carta que levou
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o Francisco. Respeito a nossa hida espero mto
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vreve se ifetue, pois aqui tudo se apronta
[14]
ao mesmo fim; não pudes emaginar Ó meu Jose
[15]
o quanto me custa o estar nesta ocazião auzente
[16]
de ti, pois hera segado o momento de prencipiar
[17]
tanto a minha gratidão, asim como a nossa no
[18]
gociacão; he finado o Mattos, e tem huma hi
[19]
rança a milhor de 200 mil Cruzados.... pergun
[20]
ta pois ao Castilho, ou outro perito o que se
[21]
deve fazer; quando se ha aseite huma letra

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