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Maarten Janssen, 2014-

Linhas do facsímile

[1683]. Carta de [Ana de Bos] para o seu tio, prior.

ResumoA autora aconselha-se junto do tio para saber se certos testemunhos seus relativos a culpas de feitiçaria de uma terceira, Joana Roldoa, implicam denúncia na Inquisição.
Autor(es) Ana de Bos
Destinatário(s) Anónimo520            
De Portugal, Lisboa
Para Portugal, Alenquer, Aldegalega de Merceana
Contexto

Este processo diz respeito a Joana Roldoa, de 30 anos de idade, acusada de superstição, suspeita de feitiçaria e de pacto com o demónio. Natural de Torres Vedras e moradora em Lisboa, a ré era casada com Manuel de Oliveira Barreto, escudeiro do cirurgião mor António Ferreira, e foi presa no Limoeiro a 6 de Setembro de 1683. Em confissão, a ré disse que em casa de António Ferreira, onde morava, um certo dia a mulher do dito cirurgião, Dona Marta de Bos, lhe disse que o seu filho João Ferreira de Bos pretendia casar e que ela desejava que fosse clérigo porque, casando, podia ser com uma mulher de má natureza, que a não deixasse ser senhora de nada, e que sendo clérigo e vivendo juntos, por morte de seu marido, poderia ser senhora de tudo. Disse também que desejava fazer um mosteiro em que pudesse recolher mulheres honradas e pobres e que para isso devia fazer uma mezinha com óleo de São Nicolau de Tolentino, que era o suor que o santo costumava destilar na cidade de Roma. Assim sendo, quando teve oportunidade, e a pedido da dita patroa (que o não podia fazer por ter que se ocupar do marido e da casa), Joana Roldoa testemunhou ter colado o óleo no peito e nas frontes do filho dela enquanto este dormia, com o intuito de o impedir de casar. Segundo a ré, dias depois Marta de Bos disse que o filho queria ser mesmo clérigo,mostrando-se, portanto, muito contente. Mas como passado algum tempo o mesmo filho começou a agir como louco, Marta de Bos julgou ser efeito colateral do tal unguento.

No processo constam outras histórias semelhantes a esta, algumas incluindo visões do demónio supostamente tidas pela ré e confessadas pela mesma. No entanto, a ré confessou também tê-las tido só em momentos de desespero, quando já estava encarcerada no Limoeiro e passando moléstias.

O processo não está concluído e as cartas apresentadas à Mesa, que inculpam Joana Roldoa, pertencem todas a familiares de Marta de Bos.

Suporte meia folha de papel escrita em ambas as faces.
Arquivo Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Fundo Inquisição de Lisboa
Cota arquivística Processo 5187
Fólios 3r-v
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcrição Leonor Tavares
Revisão principal Rita Marquilhas
Contextualização Leonor Tavares
Modernização Rita Marquilhas
Data da transcrição2012

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Meu Tio estou Lembranda

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disto q va repetido aserca de
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Jona Roldoua asim q vm
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me mandara dezer da sor
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te q as e de dezer se a cau
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za lhe parese mateira ca
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pas de se saber- disse Jona
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Roldoua deante de mim
[9]
q vendo cumugar humas
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pesouas lhe vira deitar a S Ni
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colão a cada huma sua ben
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são dise mais deante de mim
[13]
aserca de huma pesoua
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tomar estado q so o de fre
[15]
ira avia tomar ainda q
[16]
seus pais não quizese porq
[17]
o mino Jesus so pa isso a
[18]
criara pa ser so sua e dise
[19]
mais estando huma pesou
[20]
a mto mal pedindo a em
[21]
comedase a Ds respodeu q

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