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Maarten Janssen, 2014-

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[1827]. Carta de José Dias de Carvalho Ameno, cirurgião, para José Joaquim Aires de Carvalho, doutor.

SummaryO autor escreve a José Joaquim Aires de Carvalho censurando-o por já não ser seu amigo.
Author(s) José Dias de Carvalho Ameno
Addressee(s) José Joaquim Aires de Carvalho            
From Portugal, Lisboa
To S.l.
Context

Estêvão José da Silva Álvares, prior do Paúl, foi denunciado por carta anónima como sendo anticonstitucional e incumpridor dos seus deveres sagrados de clérigo. Esta denúncia, e consequente devassa acerca da vida e costumes do prior, originou grande agitação nas pequenas terras do Paúl e de Eirada, havendo nesta um motim originado por defensores e amigos do prior. O conflito cresceu de tal forma que se tornou numa espécie de disputa entre absolutistas e regeneradores ou liberais.

A testemunha número treze, José Joaquim Aires de Carvalho, apresentou uma carta enviada pelo cirurgião José Dias de Carvalho Ameno (CARDS0177) para reconhecimento da letra deste, pois acreditava que a carta anónima que consta do processo (CARDS0175) tinha sido escrita pelo cirurgião e ditada pelo primo, o bacharel José António Leal Delgado.

Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Casa da Suplicação
Collection Feitos Findos, Processos-Crime
Archival Reference Letra E, Maço 1, Número 35, Caixa 3, Caderno [1]
Folios 142r-v
Transcription Cristina Albino
Main Revision Cristina Albino
Contextualization Cristina Albino
Standardization Liliana Romão Teles
POS annotation Clara Pinto, Catarina Carvalheiro
Transcription date2007

Page 142r > 142v

[1]
Lxa H R d' S Je de Dezembro 25
[2]
Sr Dr Joze Joaquim

Não, pr mais q eu queira, posso vir no conhecimto de ql seja o pensar de

[3]
Vmce pa comigo; hoje vejo o qto o pensar do homem he errado; eu
[4]
sempre tive o seu dizer, como hũa doutrina a mais solida; os
[5]
seus conselhos pa mim erão os mais Sagrados Evangelhos,
[6]
isto mmo tenho em Lxa confessado, pelo espasso dez annos; nun
[7]
ca disto o contro lhe ha- de ter constado; e jamais constará; mas
[8]
tenho talvez vindo no conhecimto do qto a senseride esta afastada dos
[9]
homens: Vmce aquellas pessoas, de qm pensa q comigo tem
[10]
algas relações amargamte se lhes queixa de mim, mas a outros
[11]
diz de mim, o q bem lhe pare-se, e qr mas não deve fazer-me
[12]
tão tolo, q não conheça o q sou; sei mto bem q não posso com
[13]
petir com Vmce assim nos bens da fortuna, como nos seus
[14]
vastos conhecimtos porem desde lhe asevero q jamais de
[15]
zejarei utilizar-me dos dois extremos: viva mto embora pr lon
[16]
gos annos a pár das riquezas, q eu a pár da indegencia pas
[17]
sarei o resto de meus dias: estou bem lembrado q na ma par
[18]
tida Vmce me offreçeo qto me fosse prestavel, mas veja q não
[19]
occupei nunca somte pa me receber hũa procuração pa partilhas
[20]
e a isto mmo se negou, e athe nem respta me deu athe gora; com q
[21]
se em hũa couza de tão pouca entide se negou, q seria
[22]
se em couzas de maior velume o occupasse, e pr isso digo qto não he er
[23]
rado o pensar dos homens pello menos se em algas couzas o não

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