Francisco Vicente, sem antecedentes criminais, foi condenado por furto a dois anos de prisão na Cadeia da Corte. Consta do processo que os bois que lhe foram entregues por um Manuel Luís Singeleiro eram animais furtados. No entanto, não houve uma única testemunha que o tivesse visto roubá-los. O réu deveria vender os animais na Vila de Moura, serviço previamente pago por Manuel Luís Singeleiro. Provada a sua inocência, acabou por ser absolvido.
Nesta carta, o coronel do regimento onde pretensamente o réu servira, e de onde desertara, informava o corregedor de que não havia qualquer registo do assentamento de Francisco Vicente.
Note-se a naturalidade com que este militar se referia ao crime de deserção. Sem embargo da emergência social de certos valores nacionalistas, decorrentes da guerra contra Napoleão e da recente Revolução Vintista, este caso ilustra como a fuga à disciplina militar, tão comum no Antigo Regime, se mantinha uma prática aparentemente banal nas primeiras décadas de Oitocentos.