[1] | J M J
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[2] | Meu amo e sor
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[3] | Aqui vamos continuando a nossa perigrina-
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[4] | ção com boa saude, e pedindolhe a Vmce cada hu de nós
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[5] | sua Ave Ma em cada frga como temos ajustado não
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[6] | se descuide Vmce de nos encomendar tambem a Ds e su-
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[7] | posto não faziamos tenção de passar de Margaride pa
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[8] | esta pte da Ribra de Vizella nos forão lá rogar com
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[9] | gde instancia estes frades Bentos de Pombeiro pa
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[10] | q cá lhe viessemos pregar à Igra q he frega e fica so
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[11] | meia legoa de Margaride e daqui tornamos a Pedra
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[12] | Ma q he hua ermida gde e maior q a igra de Var-
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[13] | ziela d onde he frega e fica em boa comodide pa a vizi-
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[14] | nhança; vejo lhe gosto de ficar a missa de Amarante
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[15] | pa a quaresma, porq temos ja dado palavra pa al-
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[16] | guas fregas q levarão athe o fim de janro e sempre
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[17] | antes disso sahirá mais algua, a q não poderemos
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[18] | faltar. Aquella mer pa q pedi a Licença ja tor-
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[19] | nou a meus pés porem deixoume mais confuzo q na
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[20] | pra vés e ainda foi sem absolvição em q ella fás
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[21] | bem pouco reparo, e de q mostra bem pouco sentimto, colhi della q
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[22] | assistio algum tepo em hua caza gde de cavalhros
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[23] | não me quer dizer de quem he, nem em q pte e no mais
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[24] | fallame por termos q desconfio mto della e se lhe acha-
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[25] | ra fundamto pa me persuadir tinha algua couza de
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[26] | louca, só então ficara satisfeito. Veio a meus pés outra das q a esse sto tribunal se
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[27] | tem accusado destas diabruras, e não sei se me meteo, ou me quis tambem meter nellas.
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[28] | He o cazo, q se accusou de q em doze cabelos de duas pessoas, macho e femea,
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[29] | seis de cada hua, tinha feito pacto com o demo de q tocandoos viria as tais pessoas peccar com
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[30] | ella, estes cabelos tinha nos peitos á roda do bico delles, e o pacto retificado sete vezes
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[31] | incitavaa o demo fortemte a q os tocasse, e em perigo mui evidente disso andava
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[32] | emqto os tinha; o onico remedio era abjurar o pacto como fes na minha mão, dizen-
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[33] | do q na outra denuncia, ou denuncias q ja fes de si mesma lhe esquecera e só agora
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[34] | ha poucos dias lhe lembrara, e juntamte tireilhe outros os Dos cabelos pa se quei-
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[35] | marem com as ceremas da igra disseme q não tinha de quem se fiasse pa lhos tirar
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[36] | sem perigo de sua fama, senão hua pessoa q está daqui mais de seis legoas a q
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[37] | agora não podia recorrer; ou o confessor; eu vendo a sua necesside e occorrendome
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[38] | q he licito tocar semilhtes ptes pa remedio das necessides corporais mto mais o era
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[39] | pa remedio das espirituais, me offereci a tirarlhos, não achando nenhu de nós então ou-
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[40] | tro meio; pareceome ser isto licito, fazendoo eu sem mao fim, e julgando q o tocarlhe
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[41] | os peitos pa o sobredo effo me não cauzaria ruina algua; ella disseme q dezejava
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[42] | vir nisto e q se lhe tirasse aquella occazião de culpa, porem q o demo o havia de im-
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[43] | pedir mto como costumava qdo se desfazia qualquer pacto, e q só despois de co-
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[44] | mungar, imediatamte se poderia fazer isto porq então estava mais livre do demo
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[45] | Recebida pois a comunhão, tornei pa o mesmo lugar do confissinro e fazendo ou
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[46] | simulando q se tornava a reconciliar, me disse q rezassemos o Magni-
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[47] | ficus, e outras couzas como fizemos e q metesse dous dedos sem lhe ver a pte nem
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[48] | tocar nella com mais e achando os cabelos os tirasse; com esta diliga tirei dous,
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[49] | ou trés naquelle lugar; porem vendo ella e eu tambem assim o entendi, q por aquel-
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[50] | le modo não se podia tirar em forma ficasse tudo limpo, e sem perigo de cahir algu
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[51] | ou pte delle porq então não se remedeava o mal, assentamos q fosse logo pa caza e
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[52] | eu
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