O padre Manuel José Ribeiro Pontes escreve a frei Simão de Santa Ana a contar a conversa que teve com mais três religiosos sobre o tema do livre arbítrio e a perguntar se tinha a obrigação de denunciar o que lá ouviu. A resposta é escrita no espaço deixado livre pelo autor (ver CARDS2034).
[1] | tinha aind estava ainda com os furores da aula;
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[2] | mas eu
com isto não socego; ainda q este tal Padre q
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[3] | me deo esta resposta, he de boma vida, e instrui-
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[4] | do, e á quem eu mtas vezes me
confesso; comtudo
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[5] | o modo com q o outro proferio as propoziçoens, não o
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[6] | julgo por modo de argomento; comtudo a favor do pro-
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[7] | ferente me lembra, se não
seria com espirito he-
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[8] | retico, ou por não entender o q dizia, ou por não
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[9] | reparar bem no q dizia; e tambem
por dizer is-
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[10] | to na prezença de dous Relligiozos, e em Lu-
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[11] | gar aonde podião outros ouvir porq era em
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[12] | humas escadas do corredor; e tambem porq
qdo
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[13] | se lhe disse q o q elle dizia era contra o concilio,
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[14] | parece-me q não instou; e tambem qdo se lhe
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disse a respto do peccado Original, q todos nos ha-
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[16] | viamos de perder, ainda sem outros peccados,
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[17] | tambem me parece q não
contradisse; ainda q
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[18] | não sei se o elle calar-se será bom, se máo sinal.
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[19] | Quero me faça o favor de me mandar dizer se tenho
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[20] | obrigação de denunciar, e com
brevidade porq se aca-
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[21] | ba o tempo. Minha Irmãa tem passado mal, mas
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