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Maarten Janssen, 2014-

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[1607]. Carta de António José Pereira para destinatário não identificado, membro da Inquisição de Lisboa.

SummaryO autor, acusado de blasfémia, escreve texto em que se justifica e confessa.
Author(s) António Pereira de Sousa
Addressee(s) Anónimo116            
From Portugal, Tomar, Abrantes
To
Context

Processo relativo a António Pereira de Sousa, natural de Abrantes, preso pela Inquisição de Lisboa por crime de blasfémia.

Perante a Inquisição, o réu declarou ser naturalmente colérico, especialmente nas 'conjunções' das luas, devido a umas feridas que tinha na cabeça, e justificou ter blasfemado contra Deus por ser vítima de perseguição por parte de um Padre Álvaro, seu cunhado.

Saiu em liberdade depois de pagar uma fiança de 100 cruzados e ser admoestado.

Support meia folha de papel escrita no rosto.
Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Tribunal do Santo Ofício
Collection Inquisição de Lisboa
Archival Reference Processo 282
Folios 11r
Socio-Historical Keywords Catarina Magro
Transcription Mariana Gomes
Standardization Catarina Magro
Transcription date2008

Text: -


[1]
diguo q a min me diserão allguhas pesoas que dizião ter eu dito allgũhas cousas mall soantes a fée catollica como era que paresia não aver deos pois não quastigava allvaro frade meu inomiguo pollas sem rezois e avexasois q de ordinario me faz as quais me tem cõcomido quasi toda ha ha minha fazenda
[2]
e asi mais que eu disera pera dehabollo de noso sõr que se assi como estava alli pintado estivera em carne que lhe ouvera de meter dous pillares tão bem porque não castiguava este homẽ das quais cusas segumdo deos
[3]
minha llembramsa em nenhũ modo me llembro por quãoto não tenho memoria allgũa primsipallmente despois que me derão duas pedradas na cabesa avera dous annos pouquo mais ou menos da quall fiquei tall que as lluas simto quise de todo perdido o juizo
[4]
o que são me parese que dise hũa ves não que me afirme de todo he que se asi como deos era deos fora ea homẽ que lhe ouvera de tirar ha espemgarda ou que me ouvera de emtemder co elle por não castiguar tão mauo homẽ como allvaro frade he que tãotos malles mime tinha feitos e fazia
[5]
e tão bem me parese q dise que se pudera tirar a deos a espinguarda que o ouvera de fazer por me fazer tão parvo
[6]
das quais cousas asi ditas de que tenho allgũa llembramsa como dise outras que dise q dise he the outras muitas que podiria dizer vera de allvaro frade por me ver destroido delle e avexado e ver q me tem llevado a minha fazemda emjustamente eu me acuso como filho obidiemte da sãota madre igreja e como christão velho que sou de pai e mãi
[7]
sem demora allgũa estou prestes pera me acusar de tudo o mais que me vier a memoria na fee de como bom christão velho que sempre fui e sou professo na sua samta fee catollica
[8]
Anto pera de sousa

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