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Maarten Janssen, 2014-

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1660. Carta de António Barreto de Lacerda, soldado, para a sua mulher, Ana de Oliveira Carvalho.

Autor(es)

António Barreto de Lacerda      

Destinatario(s)

Ana de Oliveira Carvalho                        

Resumen

O autor pede à mulher que lhe dê a sua parte da fazenda uma vez que já se encontra casada com outro homem.

Texto: -


[1]
Snra Anna d oliveira de Carvalho
[2]
os desgostos de Vm senti sempre mormente os que oje tera por rezam do estado que quis tomar tam sedo E no cabo fazer Vm em que me nam conheçe por seu marido
[3]
E pera me conheçer quis fazer esta carta pois nam acabo de emtender sua temsão E asim que nella lhe dou parte em como sou Anto barto de laserda cazado com Vm filho de Antonio nunes Barreto sobrinho de IzaBel fereira cardoza E Vm filha de costodia de gouvea de carvalho que meu pai me cazou Com Vm estando eu em montemor o velho e se recebeo no loreto jeronimo de tovar em meu nome com Vm per Cuja percurasam minha
[4]
E dahi se foi mais sua mai E mais seu irmão Anrique d oliveira E mais seu irmão manoel E meu pai pera montemor o velho e dahy a hus tempos se fui pera la sua irmam Luiza de gouvea com seu marido frco fra da silva,
[5]
E logo dahy a hus tempos morreo sua irmam Luiza de gouvea E quis seos E meos pecados que morrese logo sua mai minha sogra E meu pai donde fiquou minha tia Izabel fra cardoza E seu irmão anRique d oliveira E manoel frco Barto meu irmão E mais de Vm
[6]
E nos viemos pera esta vila de pera essas cazas q se me derem em dotte na Rua das flores com o mais que se sabe me vem a ser trinta alqueires de trigo que paga caterina de sande E trinta que pagam em Simtra
[7]
dos trinta de sintra vendi eu E mais Vm dezanove a domingos correa corrieiro na correaria,
[8]
E daqui bem sei os malles que fis cauzados per Roiz companhias E me fizeram ir pera o Brazil e sei que fis couzas mal feittas
[9]
mas deos perdoe a essa boa tia minha que pera mais me foi dizer a nao adonde estava que fizesse huã procurasam a Vm E que me aviaria donde fis a percurasam e foi como negro sem me verem mais E outras muttas couzas que Vm e ella me fizeram
[10]
E dipois de eu estar no Brazil dous Anos me escreveo Vm huã carta em que nella me dezia que minha tia era mortta E meu irmao frco Barto na india e caterina de sande que comia o trigo por o conhecimento que eu lhe deixei E outros muttos sinais que darei quando for tempo,
[11]
Agora acabo de contar meus trabalhos que foi pasar ao Reino de amgolla E me Roubarem na altura da baia
[12]
achei esta frotta en q nella vinha capitam filho dos caldas que conheseo a meu pai E a mim de pequeno
[13]
me vim com elle como quem vinha pera sua caza nam sabendo o que avia,
[14]
chegando a esta terra percurei por Vm E me diseram em como estava viuva E que cazara e pera milhor
[15]
me fui a outra Banda e falei com andre pereira
[16]
de sortte senhora que tempo he de estar vingada de mim pois temho pasado tanttos trabalhos sendo que Vm foi cauza delles que Bem o sabe que nam era tam menina,
[17]
fui ter Anrique d oliveira
[18]
dise me que me nao conhesia mas se eu trouxera fazenda elle me conhesera e lhe lembrara que o primeiro fidalgo com quem elle esteve na numsiada fui eu seu fiador E Vm me conhesera por marido,
[19]
mas Comtudo senhora veja o que quer q eu fasa ou determina porque o determinarei por outra via porque lhe lemBro que ha castigo no seu e ha de aver justisa na terra pera quem o mereser
[20]
E quando queira estar so com sua filha e filho me de a metade de minha fazenda pois me cabe por direito E Vm fique com seus filhos que eu me quero tornar pera o brazil ou pera donde deos me aindar pois tam sedo se foi cazar sendo eu vivo,
[21]
mas perdoe deos as testemunhas que foram jurar mas tambem ellas teram seu castigo
[22]
com isto me parese que basta
[23]
E espero sua Reposta pera que comforme ella me fazer em o que for rezam E justisa
[24]
não serve de mais
[25]
A quem deos gde
[26]
feitta oje dezoitto de fevereiro da Era de mil e seissenttos e sesentta Anos
[27]
destte marido de Vm
[28]
Anto Barto de laserda

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