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Maarten Janssen, 2014-

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1801. Carta de Francisco José de Almeida, membro Sociedade Real de Medicina de Paris, para Dom João de Almeida de Melo e Castro, diplomata.

SummaryO autor reflete sobre as diferenças entre as mulheres portuguesas e as estrangeiras. Exprime também a sua ambição de conseguir viver de acordo com a filosofia de Epicuro.
Author(s) Francisco José de Almeida
Addressee(s) João da Almeida de Melo e Castro            
From França, Paris
To Holanda, Haia
Context

A carta faz parte de uma correspondência de seis, trocadas entre João de Ameida de Melo de Castro, quinto Conde dos Galveias, e o seu amigo Francisco José de Almeida, doutor em Medicina por Leiden e membro da Sociedade Real da Medicina de Paris.

João de Almeida de Melo e Castro (1756-1814), o 5º Conde das Galveias, foi um dos diplomatas portugueses que, dada a natureza pluricontinental da monarquia, tinham de usar de toda a habilidade para gerir a “ambiguidade” resultante junto dos governos das potências que se relacionavam com o gabinete português. Este membro da Casa Galveias (fundada no século XVII por Dinis de Melo e Castro) foi ministro de Portugal em Londres, no que sucedeu a Cipriano Ribeiro Freire, e também em Haia e Roma. Foi embaixador em Viena de Áustria e, em 1801, ministro dos Negócios Estrangeiros, cargo do qual foi demitido em 1803. Em 1812 foi para o Rio de Janeiro, tendo sido ministro da Guerra e dos Negócios Estrangeiros, e, interinamente, da Marinha e Ultramar. Foi oficial-mor da Casa Real, couteiro-mor da Casa de Bragança, conselheiro de Estado, membro do Conselho da Fazenda, presidente da Junta da Fazenda dos Arsenais do Exército, comendador de São Pedro de Alhadas, da Ordem de Cristo. Casou com D. Isabel José de Meneses, mas deste casamento não houve geração. Em consequência disso, o 6º Conde das Galveias seria o seu irmão, Francisco (1758-1819).

Fontes:

Schedel, Madalena Serrão Franco. 2010. Guerra na Europa e interesses de Portugal: as colónias e o comércio ultramarino. A acção política e diplomática de D. João de Melo e Castro, V Conde das Galveias (1792 -1814). Tese de Mestrado, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo (http://digitarq.arquivos.pt/details?id=3910101)

Archival Institution Arquivo Nacional da Torre do Tombo
Repository Arquivos de Família
Collection Casa dos Condes de Galveias
Archival Reference Maço 9, Almeida
Folios [1]r-[2]v
Socio-Historical Keywords Rita Marquilhas
Transcription Silvia Mencarelli
Main Revision Teresa Rebelo da Silva
Standardization Rita Marquilhas
POS annotation POS automático
Transcription date2010

Page [1]r > [1]v

[1]
Exmo Sr D João de Almeida

tempo q não tenho recebido carta de VExa, supponho-o

[2]
no campo desfrutando os gelados cumprimtos das Sras Hollandezas;
[3]
outro tanto succede por : mais vivera na verde nas intrigas antes;
[4]
mas o mesmo frio nos extremos: ainda hoje me disse o Conde
[5]
de Oeiras, q Pariz o desgostava tanto, q não esperava continuar
[6]
aqui o anno segte: queixou-se do sexo: mtas vezes o Velho Sanchez, q
[7]
tinha desfrutado o melhor por todo o norte, chorava Portugal; e erão
[8]
as Damas o objecto das suas lágrimas. Por certo aquelle mimo, aquella
[9]
meiguice, aquelle fogo de ciume, q no rosto mudo exprimem tão viva
[10]
mte o q vai no coração, as nossas Portuguezas o tem. Hum suspiro
[11]
desdenhozo, suspiro escapado, q Emphasis suavissima não escondem?
[12]
Bem mal parece q eu entertenha a VExa de coizas, q o mundo tra
[13]
ta de bagatella, emqto algũ projecto enredante, alguma intriga
[14]
politica occupa a sua alma; mas eu não o supponho na Haya; está
[15]
no campo, agora não he Menistro; mister devertir se e estas lembran
[16]
ças não são tão indignas do homem q elle sem sahir de si não acha
[17]
no seu coração, e no seu sangue os estimulos q as suscitão; vou pa Por
[18]
tugal, e se comigo fosse aquella; por qm eu sahi; teria eu hum prazer
[19]
inteiro; creio q hum Portuguez longe de Portugal peixe fora de
[20]
agua, enlanguice, e morre eu dezejo o bem de todo o homem; convido
[21]
todo o Portuguez a ir passar os seus dias no seu berço, de q servem
[22]
gdes esperanças; se o homem vive do desejo q desfruta! Hum vestido
[23]
doirado coisa viva, mas tornar
[24]
em lugar de alliciar cega tanto não basta vestir dos
[25]
pannos, q ellas . Hua carruagem mto commoda; mas o e-
[26]
xercicio mtos estão a roda de mim, e as bellas
[27]
assistem no bairro, não se vive mto bem sem aquelle appomto

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