Facsimile view
1760. Carta não autógrafa de Rosa Maria Egipcíaca, escrava forra, para Pedro Rodrigues Arvelos, lavrador, e sua mulher, Maria Teresa de Jesus.
Author(s)
Rosa Maria Egipcíaca
Addressee(s)
Pedro Rodrigues Arvelos
Summary
Rosa Maria Egipcíaca escreve a Pedro Rodrigues Arvelos e à mulher, Maria Teresa, a falar-lhes de assuntos devotos e religiosos. Refere um parto recente de Maria Teresa e o facto de o recém-nascido ser seu afilhado. Dá conselhos sobre como os destinatários devem castigar uma escrava (mas ao mesmo tempo tenta defendê-la). Desaconselha a proximidade entre as filhas dos destinatários e as escravas, contando a propósito uma anedota edificante sobre a virgindade. Refere uma causa jurídica em que está envovido o destinatário e fala dos homens da Justiça como "cegos e sem luzes da Razão". Ensina uma oração a São Francisco de Paula para protecção nessa causa. Dá notícias das filhas dos destinatários que estão no Recolhimento, sendo que uma tem "uma dureza na barriga".
molher e dela tirou mtos exzemplos para criar as suas filhas qdo
as tivese Com cautela e não fiar delas couza algũa, quando foi
tempo fecundõa Ds com hũa barriga e nela duas meninas que
deu a lus ele antão pegou nelas asim como cahirão os pes da
Mai e meteu-as em hũ, saco q tinha ja previnido pa ese efeito
de q se fose fẽmeas hilas Recolher o snor antão deulhe duas e
le antão pegou No saco as costas deitou hũa, pa diante outra
para tras e topou Com hũ seu amigo e lhe perguntou para hon
de hia ele lhe Respondeu q hia Recolher suas filhas em hũm
Comvento de freiras q a q hia adiante q sabia q hia ainda
Como sua Mai a tinha parido mas q a qi hia atras q não
sabia se hia inteira ou desmanchada porq ele não via e por
qi fes ele isto meu filho he porq tomou exzemplo na mai
sendo de tão tenrra Idade se tinha desmanchado foi porq se
us Pais fiavão dela como criansa esa foi a Rezão porq o es
triveiro de seu Pai se estreveo a tanto e se seu Pai e sua Mai a tro
sese sempre diante de si ela não havia de ter tempo de cahir
nese defeito antão vmces tomem exzemplo nesta historia pa
não fiarem as meninas delas nem fiarem delas Com as meninas
vmces me perdõe esta matraca mas asim comvem no q Respei
ta a crioula e o mulatao para haver quietasão mande o mula
to para a fazenda do gado e a ela asoutemna bem e tragãona
bem supiada diante dos olhos e tãobem não quero o mulato a
hi por amor das meninas nem quero q a crioula tenhão Com elas
mta comversa nem comfiansa porq hũa carne danada metida
no meio da outra q está sam tambem a dana tãobem não que
ro q os Irmaos machos tenhão cama junto Com as femias que
ro q os Criem Com o habito do santo Temor de Ds, e tãobem quero q vmces
se mostrem severos Com eles pa q eles saobão temer a deos e
porq filhos qi não sabem Respeitar e Temer seus Pais não sabem
Respeitar a Ds, nem temelo nem sabem fugir do Risco e perigo