O autor acusa o destinatário e a Junta a que pertence de terem ordenado a sua prisão, na sequência da Martinhada, por razões opostas ao espírito do liberalismo.
despoticos se castigão os homens pelas suas opinioens, e isto no tempo
em que
tanto se falla em liberdade em constituição. De sorte que
quando pensâmos
marchar a ser hum Povo livre nos achamos obri
gados a não fallar, e
até se pretende que sejâmos
estupidamente
da opinião do Governo !!!
A revolução
q
V
Exa e o coronel Cabreira
principiarão, nada ate
agora tem produzido em favor dos Portuguezes. Todo o
trabalho
de V
Exas se limita ate hoje á mudança de certos
homens dos
lugares q occupavão. Nenhuma liberdade
há neste Reino, nem
a pode haver emquanto a imprensa fôr escrava. Ha hum
prin
cipio reconhecido em Inglaterra e em
todos os mais paizes livres:
q pode ser culpavel o escreverem mal das particularidades, mas
que as acçoens
do Governo devem soffrer hum exame publi
co, e
q se faz hum serviço á sociedade publicando
cada
hum as suas opinioens: este principio esta bem desconhecido em
Portugal actualmente; attação os escritores impunemente os
par
ticulares, q
pr conseguinte tem mto
menos segurança q no Governo
passado, e nada he
permittido dizer das acçoens do Governo;
a
ssim se prova o que digo, por ter manifestado a minha opinião,
não só
sou prezo mas desterrado.
Emquanto a este acto
q o Governo exerce em mim decidirá a
opi
nião publica quando se imprimir a carta que forma o meu corpo
de
delicto, ella decidirá se eu sou criminoso em apresentar a
jus
tificação da conducta do Exercito e da minha a hum Governo que
se diz
liberal, ou se este Governo obra despoticamente e por poder