António Simões Machado pede ao provedor que entregue ao corregedor a carta em que relata o assalto de que foi vítima.
[1] | cando-me as mãos
no pescosso pa arremessar-me pa fora, ajudando os outros, afo
|
---|
[2] | gando, e puxando
outros, me vierão trazendo; e vindo eu com o corpo já meio fora
|
---|
[3] | da cama, vi abrir a
porta do quarto, entrar ma Pra, e logo seguindo-a, ma
sobra mais
|
---|
[4] | velha: e logo disse aquella : não matem meu Pro, matem
antes a mim. logo se lhe
|
---|
[5] | arremeçou ao pescosso, e a deitou no sobrado o do servente, e disse: agarrem
tambem
|
---|
[6] | pa cá aquelle diabo; Ma sobrinha
fugio com o capote rasgado; empeçou na
|
---|
[7] | mais nova q tambem vinha, e a offendeo no peito; e ou porq elles
as viessem pro
|
---|
[8] | curar, e não soubessem o corredor, ou
porq viessem já tomar posse, supondo
|
---|
[9] | já a morte feita, eu vi qdo já meio deitado no sobrado, dois, ou trez,
na salla
|
---|
[10] | do jantar: e estando já o agressor a cavalo
em mim, e a luz a alumiar, pa se
|
---|
[11] | me meter a faca no pescoço, então
saltarão seguidamte trez cá de fora, rapidamte
|
---|
[12] | passando entre mim, elles
q me seguravão, e a parede, a saltar pela janella fora;
|
---|
[13] | e ao passar, dizendo: fora já, fora
já Logo q estes trez passarão, foi o servente aldravar a porta do quarto,
segurando
|
---|
[14] | a aldrava, emqto os mais hião sahindo; o qual foi o penultimo q sahio; e o ul
|
---|
[15] | timo, foi
o agressor, q ao levantar-se de sima de mim, poz a mão na parede,
|
---|
[16] | onde ficou, e está esculpida
a mão com o sangue,
e juntamte a manga, q bem se vê
|
---|
[17] | ser de abito, pela largura. O meu juizo
pois he q o agressor foi o
|
---|
[18] | do Frade: O q da pte de fora
ministrava, hera o do organeiro; e o servente q aga
|
---|
[19] | rou ma Pra e
ficou dipois a segurar a aldrava, hera o fo deste; e mto
mais porq
|
---|
[20] | os da Carapinheira q vierão nunca me entrarão em caza, e por isso não sabião
|
---|
[21] |
da aldrava ali, nem aldravão com tanta presteza como
este q tem dormido, e as
|
---|
[22] | sistido em ma caza mezes; e a vonte má
q mostrou a ma Pra e sobra foi
|
---|
[23] | por terem lançado fora
honestamte a da filha do Organeiro, por
não convir
|
---|
[24] | em caza, do q mto se escandalirão, por não comer, mas não mostrarão o escan
|
---|
[25] | dalo, senão dipois de recebidas
as 30 moedas, porq se lhe acabou a chupança.
|
---|
[26] | O instrumto de q a Provida se
valleo, pa obrar o evide milagre de me não acabarem
|
---|
[27] | de matar, foi q passando os dos trez a salla do jantar,
dahi por entre as portas q
|
---|
[28] | estavão justas, virão luz na salla; e a passear escarrando, hũ Parente meu;
|
---|
[29] | e por isso logo q o perceberão,
partirão: fora já fora já- Eis aqui em qm tenho sus
|
---|
[30] | peita. Emqto aos companheiros do do Frade, os da Carapinheira, isso
he decedido;
|
---|