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Maarten Janssen, 2014-

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1820. Carta de Bernardo de Sá Nogueira, futuro Marquês de Sá da Bandeira, para o Coronel Bernardo Correia de Castro e Sepúlveda, membro da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino.

Author(s) Bernardo de Sá Nogueira      
Addressee(s) Bernardo Correia de Castro e Sepúlveda      
In English

Protest letter from Bernardo de Sá Nogueira, a Cavalry Captain and the future Marquis de Sá da Bandeira, to Coronel Bernardo Correia de Castro e Sepúlveda, a government member.

The authors eloquently protests against his arrest because he feels that he had the right to speak freely against the government.

The captain Bernardo de Sá Nogueira, who would become a relevant figure in the political landscape of XIXth century Portugal, was arrested when he was 25 years old for his involvement in the military coup that took place in the 11th of November 1820 (the «Martinhada»). The movement opposed the men of the recent liberal government, more moderate than their rivals.

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Page 4r > 4v

[1]
Illmo e Exmo Sr

Tenho a honra de me dirigir a V Exa como sendo aquelle que

[2]
aos officiaes de policia que me conduzirão a esta prizão intimou
[3]
a ordem da parte do Governo para eu ser prezo nesta noite.
[4]
Estou persuadido que deu causa á minha prisão a carta que no dia
[5]
4 do corrente derigi ao Governo, em q com o respeito devido á digni
[6]
dade q occupão os seus membros, e no estilo que compette a hum
[7]
homem livre, expuz o meu modo de pensar sobre os acontecimen
[8]
tos relativos ao dia 11 de novembro, e qual tinha sido a minha
[9]
conducta.

[10]

Desde o dia 14 de setembro me julgo homem livre e estou na firme

[11]
resolução de sêllo sempre, de não ser contado n'hum rebanho
[12]
de Portuguezes escravos: como homem livre derigi ao Governo a mi
[13]
nha exposição, cujas bazes erão factos que o mesmo Governo no dia
[14]
11 sancionára com o seu juramento. Nunca póde ser crime fazer-se
[15]
huma tal exposição, pois que não ha hum Governo liberal em
[16]
que aos cidadãos se prohiba manifestar as suas ideas tanto ao poder
[17]
legislativo como ao executivo.

[18]

Se eu na minha carta tivesse censurado a conducta do Exercito

[19]
no dia 11, se eu com razaoens tão fortes como as expendidas nella
[20]
tivesse provado (o q era impossivel), q o Exercito tinha commettido hum
[21]
crime; decerto não seria castigado, mas, talvez antes, elogiado; mas
[22]
sou castigado por ter ditto q o Exercito fez o seu dever, e como eu
[23]
penso assim não prisoens, não ha desterros q me obriguem a des
[24]
dizer-me. Sou castigado do mesmo modo que nos paizes os mais

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