A destinatária desta carta é a religiosa Dona Isabel Moniz, filha de um alcaide de Lisboa apelidado de "o Carranca" e moça de câmara da Rainha Dona Leonor, mulher de D. Manuel. Dona Isabel Moniz teve dois filhos do rei D. João III antes de ele contrair matrimónio com a rainha Dona Catarina de Áustria: Dom Duarte e Dom Manuel, que nasceu morto. Em 1561, Dona Isabel Moniz dirige uma carta à rainha Dona Catarina, cujo tema é o adiantamento de uma verba de 20 mil cruzados para que possa prover a uma sua sobrinha, filha da sua irmã Dona Cristina. Nesta afirma à rainha e mulher de D. João III que é a mãe de Dom Duarte, filho ilegítimo deste monarca e autor da carta aqui publicada (Corpo Cronológico, Parte I, mç. 104, n.º 35).
A educação de Dom Duarte de Portugal ficou a cargo de frei Jorge de Évora. Em 1532, entrou para o Mosteiro da Penha Longa, em Sintra, passando em 1535 para o Mosteiro de Santa Marinha da Costa, em Guimarães, onde cumpriu os seus estudos. Em 1542, saiu do Mosteiro para ir a Sintra ser legitimado pelo rei, seu pai. Neste mesmo ano, o monarca pede ao papa Paulo III que faça do seu filho arcebispo de Braga, o que foi aceite, com a condição de a nomeação ser efetivada quando cumprisse o seu 27.º aniversário. Tal não chegou a suceder pois Dom Duarte faleceu no ano seguinte, em 1543, com apenas 22 anos, vítima de febres.
A carta aqui transcrita foi redigida no período em que Dom Duarte de Portugal esteve em Guimarães (1535 e 1542). Foi encontrada no fundo Coleção de Cartas, unidade de instalação Cartas Missivas e outros Documentos. É uma unidade que agrupa, em 4 maços, documentos dispersos de datação incerta ou incompleta. A partir da informação interna da própria carta, tenta-se inferir datas extremas e dados que a situem e, de alguma forma, a contextualizem.