O autor escreve a um amigo a pedir que este apresente a sua carta no Santo Ofício.
referidas porq tambem padeci como ellas, antes cuido q mto mays do q ellas: mays do q
a pra porq a pra padeceo pouco, como já disse, e eu padeci mto como logo direy: padeci mays
do q a segunda, porq a segunda se padeceo mto eu padecí dobrado, porq padeci as suas pe-
nas, e mays as minhas, porq assim o deve fazer em hum cazo destas qm não hé de todo
mentecapto. Padecí mays do q ellas, porq a pra ainda q tarde, foy ouvida; a se-
gunda ainda q mál, foy ouvida, e eu nem tarde nem mál fuy ouvido, mas nun-
ca q hé peor q tarde e mál. Mays do q ellas, porq a pra pedia vista das duas cha-
madas culpas, e a segunda, parece q lha déram sem a pedir, e eu nem madéram nem
a pedí: e assim ellas padeceram fallando e vendo pa poderem ter ao menos a con-
solação de dárem a sua defeza como gentes e eu padecí sem fallar, e sem ver pa q
como se não fosse gente nem essa consolação tivesse fazendo.me niste meu Pay,
sendo qm hé o q não féz hum Balaam sendo qm éra, á sua jumta E sem embo
do q Ds me deu valor pa padecer tudo isto, não duvido, q á emitação das duas innocen-
tes referidas, terey tambem algumas matereas em q não queyra, ou não possa se-
guir o caminho, por onde me quizerem levar. Porem nesta materea, em q vM.
me fáz mce de me fallar, sem embo de q eu parece q poderia dizer, q bastâva não
me darem a vista, q tenho dito e q parece mto quererem tirar-me tambem a vis-
ta q Ds me deu, não digo tál, pouco faço eu em estár polo q vM. me díz, antes que
ro suppor mto mays. Supponho com effeyto, q nenhũa carta minha tem chegado
ao Sto Offo porem como eu as escreví, por entender q assim convinha á minha cons-
ciencia afim de q fossem lá parár, visto q lá não tem ido, como supponho, hé me nes-
sessareo novamte escrever huã carta (e ésta tambem como as outras pa q a leya pro
terceyra pessoa pa justificar a minha cauza) em q dey noticia no Sto Offo assim das
ditas cartas como do q se contem nellas, e pedir á dita terceyra pessoa, q a entregue
no Sto Offo e q depoys q a entregar me avize q a entregou pa eu ficar quieto, e assim o
faço nesta a vM.
Primeyramte escreví duas a sra D Ma Pimta da Sylva, depoys dellas; duas ao
sor dom João da Sylva; duas ao sor Jaquez da Costa, assaber huã pa q me fizesse mce
de a mostrar a sua Magde q Ds gde e depoys de lha mostar a meter no Sto Offo e a ou-
tra, em q lhe pedia, q me fizesse este favor; duas a vM.; huã ao Rdo Sor João de Agui
ar Ribo e agóra ésta a vM. q fazem déz. O q néllas se contem, alem do q digo nes-
ta, entre o q decha, e o q dou a entender, rezumindo a breves palavras, vem a ser:
que o caminho, q se tomou em se dizer, q as matereas q se contem na sentença de
Inez da Conceyção nem sam de Ds nem do diabo, mas fingidas por ella mesma,
hé hum porto sm saída, e q nenhum remedio há nelle mays conveniente,
do q o de tornar atráz desfazendo, e desdizendo publicamte como convem a tempo con
veniente tudo aquillo, q publicamte se fez, e disse contra o q convinha. E q todas,
e quaysquer pessoas, q fóram desse parecer (não fallo contra o mto illustre, e Sto Tri-
bunal do Sto Offo antes o ponho como devo sobre a minha cabeça) mas contra
as ditas pessoas (tambem me não meto com as letras, nem com as virtudes destas)
e digo, q as ditas pessoas no particular dos ditos pareceres q déram, ou não entendérão