O autor escreve a um amigo a pedir que este apresente a sua carta no Santo Ofício.
[1] | o q disséram o q entendéram. E q as ditas matereas, vendo se
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[2] | e entedendose como se devem ver, e entender, não está couza alguã, q tenha o
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[3] | mênor encontro com o q dizem as divinas letras, e os santos Padres: antes das ditas
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[4] | matereas, dos apertos interiores, e exteriores por onde a dita Inez da Conceyção
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[5] | tem passado, dos favores q Ds lhe tem feyto, do modo com q ella em huãs, e outras couzas
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[6] | se tem havido, e do estado de espiritu, a q tem chegado, em o qual está de prezente, co-
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[7] | mo se pode vèr, se colhe, q a mesma não só hé pessoa de admiravel vida, e
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[8] | virtudes, mas se mostra ser entre todas qtas mulheres snatas tem havido athe a-
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[9] | góra, em toda a Familia de meu Pe Sam Franco huã das mays adiantadas no apro-
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[10] | veytamto do espiritu. E q o impulso q a sobredita tem pa dizer, q eu hey de ser
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[11] | o seu Me espiritual, e pa fazer outras couzas q fáz, e dizer outras couzas q díz, hé co-
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[12] | nhescidamete de Ds e tem algua semelhança com o rayo, e com a pólvora, q nas ma-
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[13] | yores rezistencias sayem com mayores triumphos á custa de qm lhos fáz com ésta
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[14] | differença entre outras, q as forças do rayo, e da polvora sam limitadas e as do seu im-
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[15] | pulso sam sem comparação mayores. E q a sobredita lhe não passa pola imagi-
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[16] | nação o disdizerse do q tem dito, porq sabe com evidencia q hé de Ds E q tambem
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[17] | lhe não pssa pola imaginação o morrer debayxo do poder do Sto Offo porq isto
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[18] | implica com outras couzas q ella sabe com evidencia. E q espéro q Ds como, e
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[19] | qdo elle for servido mostre ser verdade isto q digo. E q estimarey mto q qdo Ds mos-
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[20] | trar ser isto verdade, estejam as couzas a tempo conveniente dispostas de maneyra,
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[21] | q fique o credito assim do Sto Offo como de todas as pessoas q metéram a mão nestas
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[22] | matereas, ao menos o mays bem remediado, q for possivel. E q qdo assim se não
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[23] | disponhão, e suceda o contrareo, o sentirey iualmte e não será por descuido meu,
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[24] | poys bem cláro tenho fallado. E q estou tam seguro em tudo o q aqui tenho dito,
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[25] | q abayxo do q a Fé me encina, não tenho couza, em q esteja mays inteyrado. E q
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[26] | o fallár eu com ésta clareza hé porq a importancia das matereas sssim o pede, e
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[27] | porq dezejo q no Sto Offo se sayba o q passa no meu coração pa q esse Sto Tribunal.
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[28] | obre o q lhe parecer q convem.
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Agóra pesso a vM. q depoys q ler esta carta e a mostrar a qm quizer, porq ella não
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[30] | contem couza de segredo, me faça mce de a meter no Sto Offo e de me avizar, q a meteo
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[31] | lá; porq se me não fizer avizo de q assim o fez, fico eu com o cuidado de escrever outra, ou
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[32] | as q forem necessarias, q contenhão o mesmo por outras pessoas, athe q alguma destas
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[33] | me segúre, q fez a sobredita diligencia, e isto será publicar eu mays estas mate-
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[34] | reas obrigado da necessidade, qdo me não valha de outro meyo mays efficáz, como
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[35] | poderá ser q suceda, porq se o impulso q me move hé de Ds como supponho, já se sá-
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[36] | be, q se espéra, q ajudado do mesmo sor cresça como arvore e vá m aumento e não em de-
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[37] | minuição.
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O q tudo supposto considére vM. se isto, q eu digo assim for, e seguir o mesmo
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[39] | caminho, q léva athe chegár ao termo, cim q relampago, com q trovam, e com q força
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[40] | triunphára o rayo, de q se trâta das excessivas rezistencias a si feytas assim proximas,
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[41] | como remotas: assim da nuvem, daonde sahir, e aonde está há quatro annos
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