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Maarten Janssen, 2014-
Resumo | O autor dá indicações sobre como comunicar certa informação de forma secreta. |
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Autor(es) | Jorge Nunes Henriques |
Destinatário(s) | Anónimo363 |
De | Portugal, Lisboa |
Para | S.l. |
Contexto | O cirurgião Mestre Diogo, cristão-novo natural de Serpa e residente em Lisboa, tinha sido preso a 17 de julho de 1595 nas Escolas Gerais, vindo a ser dali encaminhado para os cárceres da Inquisição de Lisboa. Em janeiro de 1597 entregou aos inquisidores um pano escrito, cuja autoria se reportava, segundo se veio a descobrir, a um seu antigo companheiro de cela - o mercador Jorge Nunes, irmão do procurador da Relação e jurista António Henriques. Segundo alegações de Mestre Diogo, Jorge Nunes encarregara Diogo de lavar aquele pano, de forma a apagar a mensagem que continha. Muito embora tenha resistido a revelar a sua, Mestre Diogo acabaria por delatar aquele mercador, muito particularmente quanto a certa correspondência mantida à revelia das autoridades. Pôs a descoberto um esquema de comunicação entre presos em que estaria envolvido um alfaiate (aproveitando-se o pretenso envio de vestuário para arranjos de costura) e a ocultação de mensagens em panos engomados e cosidos, assim como dos avisos recebidos do exterior, tudo passando por certa fresta da cela, geralmente na calada da noite. Idênticos factos foram confirmados pelo outro companheiro, Simão Rodrigues, que adiantou ser pelo “serão da noite, entre as seis e as sete”, que o réu costumava deitar o saco preso a um cordel, colocando dentro um osso com pano escrito. Antes de assim proceder, usava de um código à base de batidas com o pé no chão para assinalar as horas (daquele dia ou do seguinte) em que iria ocorrer o envio. Em resposta, recebia do cárcere do piso inferior batimentos. Assim, quando se ouviam sete batidas, significava que o envio deveria ser feito às sete horas. Quanto ao fabrico da tinta, referiu ser improvisada pela mistura do fumo da candeia de azeite, juntando água ou vinho e poedouros de pano de linho. O saquinho, além de trazer mensagens ora em pano ora em papel, por vezes comportava algumas moedas de ouro prontamente guardadas na algibeira. O apenso em tecido cosido e a inclusão de um cordão (fólios 304r-305r) refutaram os depoimentos dos denunciantes e constituíram elementos de prova. O cristão-novo Jorge Nunes não só foi acusado de judaísmo, como, cumulativamente, de impedir o reto ministério do Santo Ofício ao violar o segredo a que todos eram obrigados. |
Suporte | uma pedaço de tecido escrito em ambos os lados. |
Arquivo | Arquivo Nacional da Torre do Tombo |
Repository | Tribunal do Santo Ofício |
Fundo | Inquisição de Lisboa |
Cota arquivística | Processo 60 |
Fólios | 59r-v |
Socio-Historical Keywords | Ana Leitão |
Transcrição | Ana Leitão |
Revisão principal | Raïssa Gillier |
Contextualização | Ana Leitão |
Modernização | Raïssa Gillier |
Anotação POS | Raïssa Gillier |
Data da transcrição | 2014 |
[1596-1597]. Bilhete de [Jorge Nunes Henriques], mercador, para destinatários não identificados.
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